Lúpus e o Jiu-Jitsu: Conheça a história de superação de Heloisa Venitelli

Fala, galera! Há uns dias notei que o nosso site tinha todo dia um comentário diferente da mesma pessoa. E aí pensei: “Caramba, quem será essa menina?”. E então a encontrei no Facebook e chamei para batermos um papo. Heloisa é uma grande menina que tem uma história muito legal de força e superação, e que vai servir de exemplo pra muita gente.

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Helo é portadora de uma doença chamada Lúpus – O lúpus, pra quem não sabe,  é uma doença autoimune crônica que pode danificar qualquer parte do corpo (pele, articulações e/ou órgãos). Crônica significa que os sintomas tendem a durar mais do que 6 semanas e frequentemente por muitos anos. Confira a história dela:

Helo tem apenas 22 anos e descobriu a Lúpus com 17. Ela treinava vôlei (treinou dos 11 aos 18) e, segundo ela, estava “bem frenético”, pois treinava seis vezes por semana, mais de um treino por dia. Depois de um tempo começou a sentir dores nas articulações, cada dia em um lugar diferente, às vezes até nas plantas dos pés… No começo, ela achou até que fosse por conta dos treinos puxados. Mas depois de algumas semanas de dores, elas se espalharam por todo o corpo de forma que Helo não conseguia se mexer na cama, pois estava toda inchada :(.

Foi algumas vezes no pronto atendimento e contou pra gente que sua “sorte” foi que o clínico geral desconfiou de Lúpus de primeira, afinal essa doença é de difícil diagnóstico, confundida muitas vezes com reumatismo. Sendo assim, tomar remédios errados agravaria a situação. Ainda bem que não foi o caso dela :).

Hoje, Helo faz exames periódicos semestrais (que antes eram mensais), toma 3 remédios de uso contínuo e também tem um cuidado especial com a exposição solar, por conta da inflamação na pele que o Lúpus causa. Fora isso, ela leva uma vida normal, e recentemente começou a treinar jiu-jitsu <3

Helo conta que descobriu o esporte bem por acaso numa aula experimental infantil, no Sesc Itaquera, quando tinha uns oito anos. Ela lembra que tinha gostado e que lhe disseram que levava jeito: “Mas acabou ficando por isso mesmo, eu não falei mais nada e meus pais também não procuraram mais informações. Apenas fiquei com essa lembrança guardada.”

Anos se passaram e ela nunca mais se envolveu com nenhum tipo de arte marcial. Chegou a nadar, ficar sedentária por quase dois anos e depois começou a fazer musculação… Até que conheceu seu atual namorado na faculdade, praticante de muay thay e jiu-jitsu (ele, no entanto, parou para poder se dedicar aos estudos).

Segundo ela, ele começou a falar sobre e ela foi se interessando pelo assunto novamente. Mas daí a praticar mesmo só agora, há cerca de um mês, porque a academia onde treina abriu aulas. “Veio a lembrança de quando eu era criança e não resisti em ‘tentar de novo’ para ver se continuava tão legal quanto eu lembrava… E continua! Estou apaixonada pelos treinos, vejo como uma oportunidade de me superar, já que a Lúpus te deixa com receio de testar seus limites. Trabalha meu emocional e minha autoconfiança, fora a defesa pessoal, que acho de suma importância atualmente. Empoderamento feminino mesmo (risos).”

Depois de ouvir da boca de seu reumatologista que estava liberada para a prática, já que se sente bem, sua mãe ficou até mais tranquila. Seu namorado ama o jiu-jitsu e quer voltar aos treinos (com ela) o mais rápido possível.

Quanto às mudanças que o esporte trouxe em sua vida, ela acredita que o jiu-jitsu está lhe auxiliando muito na questão de luto também. “Meu pai faleceu faz quatro meses e acredito que ele acharia muito bacana me ver lutando, ele sempre me incentivou a praticar esportes em geral, afinal, jogávamos vôlei juntos.”

Ela conta que a equipe que ela entrou a acolheu desde o primeiro momento. Mesmo sem quimono, o sensei já a colocou para treinar junto com os meninos, que segundo ela, são super pacientes e prestativos. “Estou me sentindo em casa, uma nova família na minha vida”.

Sobre voltar a treinar vôlei, ela respondeu que acha inviável por enquanto, mas gosta bastante. Segundo ela as competições eram mistas, tanto federados quando não federados. E quanto a competir no jiu-jistu, ela disse que essa semana rolou um papo com seu sensei sobre em janeiro sua equipe começar a focar em campeonatos. Ela diz estar animada a participar, já que gostava bastante de competir no vôlei, admitindo, na verdade, ser bem competitiva.

Ela diz também temer um pouco em como será sua rotina administrar tudo (trabalho, treinos, curso, voluntariado) mas promete tentar. Heloisa trabalha como recepcionista de uma empresa de monitoramento logístico, e é formada em Processos Gerenciais. Ela também faz trabalho voluntário como no centro espírita que frequenta. Além disso, realiza um trabalho com crianças carentes junto com a mocidade de lá. Juntos, eles criam atividades lúdicas com fundo moral para elas se divertirem enquanto os pais assistem uma palestra e depois recebem uma cesta básica.

Sua mensagem é:

Não escute ninguém que diz “não vai dar certo” ou “você não vai conseguir”… Elas não estão preocupadas com a sua evolução. Só você sabe o que é bom para você e qual é o seu limite. Só sua força de vontade pode te mover, e não a aprovação alheia. Faça por você e não pelos outros. Doença, tempo… Tudo isso é só desculpa para não sair da zona de conforto e não correr atrás dos objetivos.

Heloisa é faixa branca da Kihon, treina dentro da Academia Naruto Fitness, em São Bernardo do Campo, com o  sensei o Ronildo Freire.

Obrigada por seu depoimento, Helo! Você é inspiração para muita gente <3

E você, qual era mesmo a sua desculpa para não treinar?

Bom fim de semana a todos!

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