
Caso Leandro Lo: Justiça ordena volta de policial acusado de matar Leandro Lo à PM e restabelece salário de R$ 14,6 mil enquanto aguarda julgamento. Entenda a decisão, o caso e implicações éticas para o jiu-jitsu.
Em uma reviravolta que chocou o mundo do jiu-jitsu, a Justiça de São Paulo decidiu que o policial militar Henrique Otavio Oliveira Velozo, acusado de assassinar o lutador Leandro Lo, seja reincorporado à Polícia Militar e receba seu salário usual, no valor aproximado de R$ 14,6 mil mensais, até que o processo contra ele seja definitivamente julgado.
Esse caso, que envolve um nome icônico do jiu-jitsu e questões de justiça, ética e direito, tem repercutido intensamente entre os praticantes e entusiastas da modalidade, afinal, Leandro Lo era um símbolo do esporte.
O caso e a decisão judicial
Em 7 de agosto de 2022, Leandro Pereira do Nascimento Lo, oito vezes campeão mundial de jiu-jitsu, foi baleado na cabeça durante uma festa no Clube Sírio, em São Paulo. Segundo investigações e relatos de testemunhas, houve uma discussão entre o lutador e o policial Henrique Velozo.
Em um primeiro momento, Lo imobilizou o policial. Depois disso, Velozo teria sacado uma arma e disparado contra ele, acertando-o na cabeça. Após o disparo, o policial ainda teria dado chutes na cabeça de Lo, mesmo com ele já caído.
O policial foi preso preventivamente e denunciado por homicídio qualificado. A família de Lo, advogados e a comunidade do jiu-jitsu acompanharam o caso de perto.
Caso Leandro Lo: A demissão e o pedido de reintegração
Em 22 de setembro de 2025, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, decretou a demissão de Velozo da corporação, antes que o processo fosse concluído.
Sua defesa, então, entrou com ação solicitando que fosse reconsiderada a penalidade até que houvesse uma decisão final, argumentando que demitir antes do trânsito em julgado viola princípios constitucionais, como a presunção de inocência.
A decisão liminar
O desembargador Ricardo Dip, relator do caso no Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), acatou o pedido da defesa e concedeu liminar para restabelecer o pagamento dos vencimentos do policial, assim como suspender os efeitos do decreto demissional até que o processo seja finalizado.
O magistrado afirmou que aplicar a penalidade máxima sem decisão definitiva atentaria contra as garantias constitucionais.
“Desde o início, alertamos que a demissão representava uma punição antecipada e sem respaldo legal. Ninguém pode ser punido antes do julgamento”, argumentou.
Com isso, Henrique Velozo assume novamente seu posto (em nível funcional), volta a receber salário e permanecerá sob custódia no Presídio Militar Romão Gomes até o julgamento completo.
“Conforme já havíamos alertado, a transferência colocaria a vida de Velozo em perigo. A decisão assertiva reforça o compromisso da Justiça com o devido processo legal e com a proteção dos direitos individuais”, afirmou o advogado de defesa, Cláudio Dalledone Júnior.
Em entrevista ao UOL, o advogado ainda afirmou: “Ele será absolvido e regressará as fileiras da Polícia Militar do Estado de São Paulo.”.
A notícia repercutiu com intensidade dentro das redes sociais e entre atletas de jiu-jitsu. Muitos veem a decisão como um choque à memória de Lo. Há também debates sobre segurança, privilégios institucionais e o papel do Estado na responsabilização de seus agentes.
Essa movimentação reacende discussões sobre justiça no esporte, ética e igualdade, temas caros à comunidade que homenageia Lo como inspiração.
O legado de Lo e o futuro do caso

Leandro Lo tinha uma trajetória impecável no jiu-jitsu: começou no Projeto Social Lutando Pelo Bem (PSLPB), comandado pelo faixa-preta Cícero Costha, conquistou sua faixa-preta e acumulou títulos internacionais. Sua morte foi um divisor de águas na comunidade do esporte.
Agora, ao ver a ex-reintegração de Velozo, muitos questionam até que ponto a posição institucional e o aparato legal influenciam no julgamento final. O caso ainda segue em tramitação, com segurança jurídica ativada e atenção total da comunidade.
Essa decisão judicial trouxe à tona, mais uma vez, o debate sobre responsabilidade, impunidade e memória de Leandro Lo.
Fica no ar: até quando a justiça reverte decisões impactantes sem um veredicto criminal final?
Para a comunidade do jiu-jitsu, o episódio reforça a importância de acompanhar os desdobramentos, reivindicar voz e manter viva a memória de quem fez história.