Por que o jiu-jitsu não é um esporte Olímpico?

jiu-jitsu

Nas últimas semanas, a adesão da população aos temas envolvendo as Olimpíadas foi tamanha que o debate sobre o porquê de o jiu-jitsu não ser um esporte olímpico veio à tona. Mas afinal, por quais razões nosso esporte não faz parte desse rolê?

Que o jiu-jitsu atualmente é uma das artes marciais mais populares do mundo, disso ninguém duvida. Conhecido por sua ênfase em técnicas de solo e finalizações, o esporte vem crescendo e ganhando cada vez mais adeptos.

De Gisele Bündchen a Demi Lovato. De Cauã Reymond a Mark Zuckerberg, famosos do mundo todo que estão aderindo ao jiu-jitsu não param de surgir. Mas porquê cargas d’água ele não está nas Olimpíadas?

História e Desenvolvimento do Jiu-Jitsu

O jiu-jitsu tem suas origens nas técnicas de luta dos samurais japoneses. Quando as técnicas foram introduzidas no Brasil por meio de Mitsuyo Maeda, elas foram posteriormente desenvolvidas pela família Gracie, que transformou o jiu-jitsu em um esporte de combate mais focado no uso de alavancas e estratégias para neutralizar oponentes maiores e mais fortes. 

Desde então, o jiu-jitsu brasileiro (BJJ) tem evoluído para um esporte competitivo, com campeonatos mundiais e uma base de praticantes que continua crescendo.

Os Jogos Olímpicos e a Inclusão de Esportes

Os Jogos Olímpicos são o evento esportivo mais prestigiado do mundo, celebrando a excelência atlética e a competição justa. 

Para que um esporte seja incluído no programa olímpico, ele precisa atender a certos critérios estabelecidos pelo Comitê Olímpico Internacional (COI)

Um dos critérios para a inclusão de um esporte nos Jogos Olímpicos é sua popularidade em escala global. 

O jiu-jitsu tem uma forte presença em países como Brasil, Estados Unidos, Japão, e vários países europeus. No entanto, ainda não possui a mesma presença global que outros esportes de combate, como o judô, o taekwondo e o boxe. 

A popularidade do jiu-jitsu está crescendo, mas para ser considerado um esporte olímpico, é necessário que tenha uma representação significativa em todos os continentes. Esse é um trabalho que a AJP Tour vem fazendo, mas ainda temos um longo caminho a seguir.

Outro critério importante para a inclusão nos Jogos Olímpicos é a existência de uma estrutura organizacional robusta e unificada. No caso do jiu-jitsu, existem várias organizações internacionais, como a IBJJF e a AJP, sem contar que só no Brasil, existe desde a CBJJ até a CBJJE e outras federações menores. 

A falta de uma entidade única e representativa que possa falar em nome de todos os praticantes do jiu-jitsu é uma das barreiras para a inclusão do esporte nos Jogos Olímpicos.

Para que um esporte seja incluído nos Jogos Olímpicos, ele também precisa ter regras claras e um formato de competição que seja facilmente compreensível para os espectadores. 

O jiu-jitsu tem regras complexas e uma variedade de estilos, o que pode ser um desafio para torná-lo olímpico e sua pontuação pode ser difícil de entender para aqueles que não estão familiarizados com o esporte. Como falamos, existem muitas federações, e cada uma tem suas regras específicas.

Por fim, os Jogos Olímpicos têm um número limitado de esportes que podem ser incluídos em cada edição. Isso significa que novos esportes devem competir com outros esportes que também buscam a inclusão. 

Com a crescente popularidade de esportes como o surfe, o skate e o karatê, o jiu-jitsu enfrenta uma competição acirrada para se tornar um esporte olímpico.

O que dizem os grandes nomes do jiu-jitsu a respeito?

A campeã mundial de jiu-jitsu Kyra Gracie, semana passada, expôs sua opinião do porquê considera que tornar o jiu-jitsu olímpico seria o melhor para o esporte:

“A inclusão do Jiu-Jitsu nas Olimpíadas seria um catalisador para uma explosão global da modalidade, impulsionando a procura por academias em todos os cantos do mundo.”, afirma Kyra em seu artigo para o LinkedIn.

Já seu primo, o multicampeão Roger Gracie, acredita que tornar o jiu-jitsu um esporte olímpico não seria muito produtivo:

“O professor de jiu-jitsu que vive dando aula, se fosse para a olimpíada, ele seria muito afetado, muita gente seria afetada (…) A partir do momento que se torna um esporte olímpico, o governo começa a entrar no meio e então muda”, disse Roger para um artigo na ESPN em 2020.

“Isso tira a necessidade de você ir para a academia, você vai para os lugares que o governo está patrocinando. E isso não há meios de você fazer dinheiro, porque o treino é de graça ou super barato, então como é que você vai querer pagar uma academia tendo um lugar desse de graça?”, complementou. 

Mas o fato é que, quando o esporte se torna olímpico, isso traz algumas vantagens, como o fato de que isso ajuda a promover o esporte em escala global, atraindo mais pessoas para a prática, como acontece com o judô.

Porém, até que ponto isso não prejudicaria o atleta? Até que ponto isso não tornaria o esporte – hoje “tão democrático” -, algo para uns poucos selecionados? Até que ponto isso não prejudicaria as pessoas que tem no jiu-jitsu seu meio de ganhar a vida?

Fica a reflexão.

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