Atualmente, poucas atletas podem dizer que começaram a treinar ainda na primeira infância, por vários motivos, distância da academia, falta de apoio da família, falta de motivação ou identificação com o esporte (pois sabemos que ainda falta representatividade no jiu-jitsu feminino, principalmente para as crianças). Mas tem gente “passando o carro” nas lutas, dentro e fora do tatame. Conheça hoje a trajetória da Luany dos Santos Silva.
“Conheci o jiu-jitsu através do meu pai, que começou a treinar quando eu ainda estava na barriga da minha mãe. Então fui crescendo e acompanhando ele nos campeonatos, minha motivação sempre veio dele.”
Luany começou a praticar jiu-jitsu com 6 anos de idade e hoje com 14 e na faixa laranja, já coleciona medalhas e troféus. Atleta ativa, ela já participou de campeonatos, lutas casadas, e já fez uma super luta valendo um cinturão, que ganha destaque em sua coleção de títulos, que conta também com um Mundial.
“Já fui Campeã Brasileira da CBJJ, Campeã Mundial CBJJE, Campeã do Circuito Kiron , Stance, Campeã do Circuito Catarinense de Jiu-jitsu, Campeã da Copa Desterro, Campeã do Cinturão o Gladiador de Jiu-jitsu, Campeã Ric Record de Tv, Campeã da Copa Santa Catarina, Campeã Cup BJJ PRO, Campeã Brasileira Kids, Campeã Copa Thiago Tavares, Campeã Sulamericana, Campeã Circuito Kiron de Submission, entre outros títulos.”
Ela já trocou de equipe duas vezes:
“Comecei na academia Ataque Duplo, onde fiquei por 6 meses. Em seguida fui para a academia onde meu pai sempre treinou, e onde permaneci por 8 anos. Em janeiro de 2019 retornei à Ataque Duplo onde fiquei mais 6 meses, e finalmente em outubro de 2019 retornei à Coelho Jiu-jitsu, onde permaneço até hoje.”
Tantas idas e vindas têm uma explicação: falta de adolescentes na mesma faixa etária dispostos a treinar com a mesma frequência e compromisso. “Sempre fui muito acolhida por todos das academias que passei, mesmo com número reduzido de meninas, mas a necessidade de treino mais adequado a mim, me fez trocar de equipe algumas vezes.”
Atualmente Luany conta com bolsa de 100% para treinar na academia Coelho Jiu-jitsu, equipe de Santa Catarina, onde mora. Coordenada pelo faixa preta, e também árbitro Isaky Coelho, que tem como essência seus projetos espalhados pela região. Luany recebe apoio dos amigos para pagar as inscrições dos campeonatos, e assim segue firme focando apenas nos treinos.
“Eu jamais vou esquecer a oportunidade que me foi oferecida aqui, além de ser bolsista, sou tratada com muito carinho por todos; é a minha segunda família.”
A atleta já se aventurou em outras modalidades de esporte, mas foi o jiu-jitsu que conquistou seu coração. “Meu pai está sempre envolvido, mas minha mãe também sempre me apoiou, e isso foi fundamental pra que eu chegasse até aqui”
Se ela já pensou em desistir?
“Às vezes por não ter incentivo, a gente desanima. Aqui no município onde moro, existe bolsa atleta em diversas modalidades, mas infelizmente o jiu-jitsu ainda não foi contemplado, e eu não posso ter o benefício. Também sinto falta de mais crianças e adolescentes da minha equipe nos campeonatos, como muitos são oriundos dos projetos, competir ainda é muito distante para a maioria, que precisa pagar para isso.”
Como muitas de nós, ela também tem uma história que marcou sua vida nos tatames:
“Muitas histórias marcaram minha trajetória ate aqui, em especial quando fui disputar a final do Campeonato Mundial em São Paulo, minha adversária estava ganhando de 5×0 e faltando 30 segundos para acabar a luta, consegui virar o jogo e ganhei de 13×5. Foi uma vitória muito emocionante, não dá pra esquecer a alegria daquele momento.”
E os agradecimentos vão para..
“Gostaria de agradecer à Deus, pois sem Ele nada disso estaria acontecendo em minha vida, a minha família, meu mestre Isaky Coelho que sempre acreditou em mim, nos momentos de indecisão, quando pensei em desistir, sempre esteve do meu lado. Aos mestres Fabiano Crispim e Alexandre Teixeira Araújo pelo aprendizado e dedicação no tempo em que estávamos juntos. Às pessoas que incondicionalmente acreditam no meu potencial, fica até difícil citar todos aqui, mas sou muito agradecida pelos apoios que recebo.”
Luany tem um sonho no jiu-jitsu, muito comum a tantos atletas: “Sonho em ser faixa preta, mas meu maior sonho é viajar para fora do Brasil para competir, e quem sabe um dia viver de jiu-jitsu por lá.”
Ela deixa uma mensagem de motivação para toda a comunidade do jiu-jitsu:
Acredite sempre em você, no seu potencial e não se importe com a opinião dos outros, pois a busca dos seus objetivos só depende de você, e de mais ninguém.
Instagram: @luany_288