Que o jiu-jitsu é um esporte dominado por homens (assim como a grande parte das artes marciais),  nós já sabemos. Porém, contrariando a maré, a arte suave vem conquistando cada vez mais adeptas do sexo feminino, haja vista este blog, formado por garotas praticantes do jiu-jitsu.

Embora a prática esteja se tornando comum, ainda existem combates que precisam ser travados todos os dias. E eu, infelizmente, não estou falando de finalização, não, o assunto aqui é mais sério: o machismo. Ele atrapalha nossa vida não apenas no tatame, mas também nos pequenos atos do cotidiano e, para ocupar o mínimo espaço, é preciso “matar um machismo por dia”.

Ainda é comum escutar expressões como “você luta como uma garota” ou “deixa de ser mulherzinha” na tentativa de depreciar alguém.  Essas, apesar de serem comuns no nosso cotidiano, podem refletir muito sobre a desigualdade de gêneros e ainda reforçam preconceitos. Por outro lado, é considerado um elogio falar com uma garota que ela “luta como homem” quando ela luta bem ou é forte. Ora, ela luta como uma mulher! Como uma mulher que luta! Se isso é tão comum, por que não adaptar as palavras a isso? Proponho uma tentativa de mudança para nos firmarmos no esporte (e na vida!).

A própria Ronda Rousey  já se pronunciou sobre o fato de falarem que seu corpo não era “feminino” o bastante (como se existisse um único padrão de corpo feminino a ser seguido). Segundo ela, seu corpo foi moldado para um propósito e não para ser contemplado, seu corpo é um instrumento de sua luta, ele foi moldado para isso. Por que um corpo feminino musculoso e definido não pode ser bonito ou não representar as mulheres? (você pode ver o vídeo ao qual ao refiro AQUI, o discurso foi, inclusive, usado na abertura de um show da Beyoncé). Mas não é o seu corpo que dita o que você pode fazer, nem seu cabelo, nem suas unhas.

Não é preciso perguntar muito para ouvir relatos de mulheres que não conseguem treinar porque alguns caras não as aceitam no tatame e acabam forçando a barra para mostrar que não são bem vindas ali. Pior que o machismo não vem só nos homens, algumas mulheres (principalmente se mais graduadas) não gostam muito da ideia de ter treinar com outra garota e acabam machucando as mais novas o que, muitas vezes, as fazem desistir da arte suave. Triste, mas real (ainda sobre isso, e para ver que ainda há esperança, leia aqui a respeito de equipes com “filhas únicas”). 

A primeira vez que rolei com uma garota, eu ouvi que meninas não podiam rolar por muito tempo, senão “dava treta”, aludindo à ideia de um espírito competitivo eterno entre as mulheres. Sério, Brasil? Discordo veementemente, nós não estamos competindo o tempo todo. Embora as academias ainda possam ser um ambiente hostil e inóspito para as garotas, é muito bonito ver o grupo feminino crescendo, a representação feminina nas lutas aumentando e garotas se unindo cada vez mais. Quando uma garota desiste de alguma coisa por causa do machismo, todas nós perdemos um pouco também.

Da próxima vez que você ouvir:“Nossa, você luta como uma garota”, lembre-se de todas as garotas que estão aí nos orgulhando e fazendo bonito, abra um sorriso e responda “Muito obrigada!”.

Mulheres do jiu-jitsu, uni-vos!

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