O dia 8 de março é internacionalmente marcado como um dia em que se comemora o dia da mulher. Para alguns, é um dia de lembrar das conquistas que as mulheres tiveram até aqui; para outros, um dia de agradecer pelas mulheres com quem convivem; mas precisamos nos lembrar sempre que este ainda é um dia de luta e resistência.

O dia 8 de março ficou conhecido por uma série de lutas e reivindicações femininas (principalmente na Europa e nos Estados Unidos da América) por melhores condições no trabalho e também por direitos sociais e políticos que naquela época, entre os séculos XIX e XX, eram escassos ou mesmo inexistentes. Em 8 de março de 1857, em Nova York, trabalhadoras de uma indústria têxtil paralisaram seus trabalhos em uma manifestação por melhores condições de trabalho e igualdades de direitos trabalhistas para as mulheres; elas foram violentamente reprimidas pela polícia que culminaram na morte de muitas dessas militantes.

Essas lutas permitiram conquistas dos direitos que temos hoje, mas esses, infelizmente, ainda não são nem de longe os ideais. Estatísticas mostram que uma mulher é estuprada no Brasil a cada 11 minutos, as leis que coíbem a violência contra a mulher só demonstram que precisamos de base jurídica para sermos defendidas e tratadas como seres humanos (mas que nem assim conseguimos). Movimentos como Ni una a menos, na Argentina; a marcha contra políticas conservadoras acerca do aborto na Polônia; a Marcha das Mulheres, realizada nos Estados Unidos após a eleição do misógino Donald Trump demonstram que as mulheres do mundo inteiro estão unidas contra o cerceamento de direitos.

O sentido de luta inerente à data do dia 8 de março acabou se perdendo com o tempo e, atualmente, é conhecido como um dia em que geralmente ganhamos flores e algumas porcentagens de desconto em compras, em uma tentativa de romantizar uma causa política. Por causa disso, alguns movimentos feministas propuseram para este ano uma greve de serviços a fim de mostrar que nosso trabalho importa e que exigimos igualdade de direitos. Se nosso trabalho não é necessário, então que sigam as máquinas sem nós, por isso o nome “A day without woman”.

Sabemos, no entanto, que nem todas as mulheres conseguirão parar totalmente suas atividades neste dia, mesmo que queiram e apoiem a causa, o ideal é que todas possamos nos manifestar de alguma forma neste dia. A ideia é que possamos nos ausentar dos serviços que geralmente executamos para que as pessoas possam sentir o peso de nossa ausência para simbolizar nosso “não” a essas desigualdades que nos assolam, nos apagam e invisibilizam. Nós não somos descartáveis e nosso trabalho importa!

No jiu-jitsu, cada vez mais as mulheres vêm ocupando espaço e mostrando seus valores, mas ainda assim não há uma igualdade. O fato de não sermos lembradas enquanto atletas diz muito sobre a sociedade em que vivemos.

No caso específico do jiu-jitsu, nós precisamos assumir que o tatame ainda é hostil às mulheres, existem, claro, exceções, mas a regra é que nós não temos ainda pleno direito àquele lugar, por isso ainda sofremos assédios de todo tipo dentro do esporte. O próprio movimento pela premiação igualitária das mulheres no jiu-jitsu demonstram que a luta ainda não está nem perto de terminar. O movimento Equal Pay for BJJ, encabeçado por Dominyka Obelenyte é uma prova disso, nós ainda ganhamos menos, pois temos menos visibilidade.

Cito ainda este portal, feito majoritariamente por mulheres que batalham todos os dias de diferentes formas e com diferentes objetivos e que, além disso, ainda buscam um lugar ao sol nesse mundinho tão machista, isso é uma luz no fim do túnel. É um motivo para acreditar e, claro, lutar! Tenho orgulho de participar desta equipe de mulheres lutadoras, empoderadas e maravilhosas! Neste dia marcado por lutas, precisamos lembrar e reconhecer que muitas lutaram até aqui, mas a luta continua.

As reações aos direitos das mulheres se ampliaram ao mesmo tempo em que outros direitos são colocados em xeque de maneira brutal. No Brasil e em outras partes do mundo, direitos trabalhistas, à saúde e à segurança na velhice são desmantelados, evidenciando a face atual do neoliberalismo. Sexismo, xenofobia, racismo e transfobia estão articulados à redução das garantias de trabalhadoras e trabalhadores e ao aumento das desigualdades e da violência.

Por isso intelectuais feministas chamam a todas nós para uma greve internacional no 8 de março, em que mulheres de diferentes partes do mundo estejam nas ruas contra todas essas violências. É uma chamada pelo que temos buscado por aqui também, uma reconstrução das esquerdas na qual feminismos capazes de conectar direitos reprodutivos e trabalho, sexualidade e xenofobia em uma agenda ampla, marcada pelo diálogo com diferentes grupos de mulheres, têm um papel central a cumprir. – Flávia Biroli, colunista do Blog da Boitempo, e co-autora do livro Feminismo e política: uma introdução.

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