Atleta da Semana – Larissa Maíra

Nossa atleta da semana é uma verdadeira colecionadora de títulos, ela foi Campeã do 2nd World Police Game em Abu Dhabi,  11x Campeã Goiana4x Campeã do Centro-Oeste Brasileiro,  4x Campeã Brasília International Open , 1x Vice-Campeã Brasileira CBJJ1x Vice-Campeã do Rio International Open1x Vice-Campeã Mundial CBJJE1x Vice-Campeã Panamericana CBJJE1x Campeã do Absoluto do Mundial Rockstrike.

O nome dela é Larissa Maíra, mais conhecida pelo apelido de Pucca. Larissa tem 30 anos, nasceu em Goiânia, pratica jiu-jitsu há oito anos e é faixa marrom da equipe Atrium/Brotherhoods. Ela conta que sempre foi apaixonada por lutas, daquelas que acompanhava tudo pela TV. Conheceu o jiu-jitsu praticando capoeira (whats?), isso mesmo! Ela conta que fez capoeira por dois anos e no tatame ao lado acontecia o treino de jiu na mesma hora e ela se pegou várias vezes prestando mais atenção no treino de jiu do que no de capoeira, por fim migrou de vez para a arte suave.

Posso dizer que 2017 foi um ano muito especial para nossa queria atleta da semana, pois Pucca foi uma das três brasileiras que representou o país no World Police Games. Para quem não sabe esse, é o campeonato mundial policial, nele só podem competir militares das armadas (marinha, aeronáutica e exército), policiais militares, policiais civis, bombeiros militares, policiais federais. Confere aí o que ela achou desse momento:

Você participou em 2017 do USIP World Police Games, como foi essa experiência?

Lutar e ganhar esse mundial foi a experiência mais incrível da minha vida inteira! Todo lutador de jiu-jitsu sonha em ir pra Abu Dhabi e comigo não era diferente. Tentei conseguir vaga em três seletivas do World Pro mas sempre passei longe de conseguir, porque elas sempre ficavam para as profissionais, as que viviam pro jiu. Então, por mais que tenha sido um mundial policial, eu realizei meu maior sonho e não acho que nada que eu viver se aproximará da grandiosidade daquele evento e dos Emirados Árabes, onde tudo é luxuoso e deslumbrante! Nada no mundo pode se comparar àquele lugar.

Treinou com o pessoal de lá? Sentiu alguma diferença?

Nós treinamos mais entre nós brasileiros, éramos três mulheres e quatro homens. E treinamos com alguns homens de outros países, mas com cautela porque não poderíamos nos dar ao luxo de machucar antes da competição. Eu e outra atleta fomos convidadas por uma professora de jiu-jitsu em Abu Dhabi, para treinar com a equipe feminina do Clube de futebol do Al-Wahda. Nos Emirados, os clubes de futebol tem também suas equipes jiu-jitsu de competição (tanto feminina quanto masculina), a rivalidade é ainda mais intensa que no futebol. O jiu-jitsu realmente tem sua própria linguagem mundial, não há diferença do nosso aqui e do que é treinado lá, até porque são SÓ BRASILEIROS que ensinam jiu-jitsu nos Emirados Árabes. A única diferença é a forma com que eles nos olham, os árabes nos admiram como se todos fossemos os maiores campeões mundiais do esporte! Quando se diz lá: “sou brasileiro e lutador de jiu-jitsu” a primeira coisa que fazem é começar a pedir pra tirar fotos com a gente. É uma loucura!

Pucca contou que nos Emirados a arte suave faz parte da grade curricular de todas as escolas, acredita? É uma matéria como qualquer outra, tem provas práticas e teóricas e se o aluno não atingir a média ele reprova no ano escolar.

2017 também foi especial porque a Pucca foi a primeira mulher da sua equipe a conquistar a faixa marrom e ela contou um pouquinho da emoção desse momento para a gente:

“Tenho MUITO, MUITO, MUITO orgulho de ser a primeira faixa marrom da Atrium porque eu sempre desejei muito treinar com o Mestre Rodrigo Castro! Ele é o professor de todos os melhores competidores do estado de Goiás e como eu sempre gostei de competir queria ser treinada pelo melhor! Hoje, saber que eu consegui chegar tão longe e saber que ele acreditou em mim me deixa muito eufórica. Minha caminhada só está começando!”

Como você se sente sendo inspiração para as meninas da sua equipe?

Eu só tenho elogios a fazer às minhas parceiras de equipe! Todas elas me tratam com um carinho incrível é como se eu fosse uma Mackenzie Dern (rsrs)! É muito empolgante, pode ser que elas talvez não saibam, mas são grandes motivadoras para mim. Muitas vezes me sinto responsável por não deixar nenhuma desanimar porque vejo muito de mim nelas, nossa única diferença é que eu estou alguns anos na frente. Quero que saibam que sempre podem contar comigo e que é uma honra pra mim quando me dão o privolego de treinamos juntas!

Gente, essa Pucca é muito maravilhosa ne?! Biazinha aqui está escrevendo e chorando. Para quem não sabe eu e a Pucca treinamos na mesma equipe e já observei que os meninos que treinam com ela gostam do jogo que ela faz e muitos até pedem para rolar com ela. Eu, muito curiosa, fiz questão de saber como ela se sente não sendo vista como um “rola para descanso”.

Como é para você ter conquistado esse respeito? Digo respeito, porque muitas vezes os homens olham para a gente como um rola para “descansar” e com você é diferente. Eles querem rolar porque sabem que você é dura.

Eu admiro muito cada um dos meus parceiros de treino e me esforço muito para estar nessa equipe de campeões. Para conquistar isso eu SOFRI MUITO! Mas a receita não tem segredo, é engrossar mesmo e ir pra cima sem medo. Vá para cada rola para fazer força e dar o seu máximo, até o último segundo. Não reclamar de dor o preguiça; não descansar em nenhum rola; se sangrar, continue; se der vontade de vomitar, vomite e volte. Isso tudo mostra garra e o quanto você quer e merece está ali.

Pucca, já enfrentou algum tipo de preconceito?

Acho que nunca comentei isso antes, mas não só enfrentei preconceitos como já pensei em desistir por conta disso! Comecei em 2010 e só havia eu de mulher no tatame, eu era um ser “anormal” lá dentro. Eu era o foco das atenções e do preconceito de muitos, sempre chegava ao meu conhecimento coisas como: “Ela está aqui pra arrumar namorado”, “Ela está só passeando no tatame”, “Ela só quer aparecer e contar para os outros de luta jiu-jitsu”. Não importava o quanto eu treinava, o quanto era assídua, mais até que a maioria dos homens. Não importava quantos campeonatos eu lutava e ganhava, eles se achavam no direito de questionar as minhas intenções no esporte. Isso tudo é muito desgastante, e a grande dificuldade era que essa hostilidade era velada, então eu não sabia em quem podia confiar. Demorou uns três anos para que as coisas mudassem e mudaram, principalmente quando me tornei aluna do mestre Rodrigo de Castros.

Você acredita que as mulheres estão conseguindo seu espaço no tatame? Acredita que ainda existe muito preconceito?

Apesar do número de mulheres no esporte estar aumentando sempre, eu acredito que o preconceito sempre irá existir, infelizmente. Em uma proporção menor, mas existirá! Cabe a cada uma zelar por nossa imagem como atleta e mostrar que o que queremos do jiu-jitsu é TREINAR e TREINAR DURO. A mulher conseguiu seu espaço no tatame, mas acho que o respeito dentro dele é uma tarefa diária.

Então é isso galera, eu AMEI essa entrevista e espero que vocês também tenham gostado! Até a próxima, oss!

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