As infinitas lições dos “três tapinhas”

Poderíamos fundar aqui uma nova teoria se discorrermos isoladamente sobre os aspectos que permeiam o famoso “três tapinhas”, tão abominado pelos rústicos, mas muito necessário na prática do jiu-jitsu. Seja como instrumento para o exercício da humildade, seja para demonstrar respeito pelo companheiro de treino e, principalmente, para evitar lesões mais graves.

O jiu-jitsu é uma arte tão complexa e sua aplicabilidade perpassa por questões tão densas que o entendimento dos limites físicos e mentais se torna intrínseco a cada um dos praticantes a partir do momento em que impõe o conhecimento das suas fraquezas, medos, privações, mas também da superação, resiliência e persistência diante das adversidades.

Nesta enseada, dentre os inúmeros pormenores que circundam a arte suave, “bater” ou “dar os três tapinhas” deveria ser considerado mais relevante do que ser uma enciclopédia de posições, finalizações, passagens ou raspagens. Porque é no momento em que nada disso dá certo que se percebe o quanto de personalidade um lutador carrega e o quanto de respeito se tem pelo seu corpo e pelo oponente.

Quem absorve a lição dos “três tapinhas” sabe perfeitamente que não há uma fórmula para não ser finalizado com um golpe bem encaixado, independentemente da graduação, pois tudo depende do tempo (do golpe) e do espaço (dado pelo oponente). Para simplificar, se fizermos uma analogia do jiu-jitsu com uma trilha perceberemos que não é o fim da caminhada que importa, mas o trajeto percorrido, o tempo que cada um se mantém caminhando e as infinitas lições aprendidas em cada trecho.

Portando, sempre que possível, é urgente saber a hora certa de parar (ou fazer parar) para se autopreservar e assim permanecer mais tempo na trilha do aprendizado e da evolução, pois um orgulho no lugar errado e no momento errado pode significar o fim ou o adiamento da caminhada dentro deste mundo apaixonante e desafiador chamado jiu-jitsu.

Treine com responsabilidade, lute com lealdade. Este é o caminho.

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