“Enquanto houver vontade de lutar
haverá esperança de vencer.” (Santo Agostinho)
Certa vez, visitei o Sul da Bahia por convite de amigos para passar um fim de semana em um dos lugares mais bonitos e curiosos que já tinha visto, a península de Maraú. Nunca tinha presenciado um lugar em que de um lado eu encontrava mata atlântica e rios e do outro o grande mar. Foi fantástico!
Entre uma conversa e outra, o amigo me apresentou a dois professores de jiu-jitsu que me deram conselhos muito valiosos: estudar o jiu-jitsu das diversas formas, ser sempre curioso e humilde. Alguns meses nos encontramos numa competição e pude presenciar o quanto era forte o jiu-jitsu daquela região. Mais precisamente em Ubaitaba, cidade do medalhista olímpico Isaquias Queiroz e da nossa querida entrevistada de hoje, Ingrid Fahning. Campeã desde a faixa branca e destaque nos EUA, a atleta nos contará um pouco sobre suas experiências, desafios e projetos dentro da arte suave. A atleta fala também dos seus projetos que darão acesso a mais mulheres dentro do esporte.
Atleta: Ingrid Fahning de Assis
Faixa: Azul
Categoria: Pluma
Academia: AJJEU UBAITABA-BA
Idade: 24 anos de idade
Ingrid nos contou que sempre foi apaixonada por artes marciais. Quando criança assistia muitos filmes da temática com o pai e em 2007, ao escutar uma entrevista de alguns atletas da cidade que tinham conquistado um bom resultado no campeonato baiano, descobriu que existia esse esporte na cidade e resolveu conhecer, “Me apaixonei pelo esporte no primeiro treino e venho vivendo-o desde então”.
Na cidade em que vive, existe apenas uma escola de jiu-jitsu, a AJJEU (Associação de Judô e Jiu-Jitsu esportivo Ubaitabense), onde a atleta ingressou no esporte e voltou a treinar após retornar a cidade natal.
Ingrid começou a treinar Jiu-Jitsu em 2007, quando tinha 15 anos de idade, segundo ela: “Sem sobras de dúvidas foi a melhor escolha que já fiz na vida. A arte suave me proporcionou viver meu maior sonho, ser uma atleta”.
Com apenas 4 meses de treino ela começou as competições e nunca mais parou. Dentre as principais competições, destacou as conquistas do campeonato Pan-americano e Brasileiro Região Nordeste da CBJJE, em 2008 e 2013 respectivamente; o Mundial pela Federação Internacional de Jiu-Jitsu Desportivo (FIJJD) 2015; o bicampeonato, em 2013 e 2014, do Southern National Championship, e a passou pelos Estados Unidos da América, enquanto participava do intercâmbio acadêmico via programa do Governo Federal: Ciências sem fronteiras e a participação nos campeonatos Pan-americano e Mundial da IBJJF 2014, onde mesmo não obtendo o resultado almejado foi um grande sonho conquistado.
O Jiu-Jitsu me levou a conhecer muitos lugares, pessoas, ídolos, me ajudou na escolha da minha profissão (professora de Educação Física); me proporcionou os primeiros contatos com arte de ensinar, pois durante toda minha graduação fui instrutora voluntária de Jiu-Jitsu, junto com alguns colegas no projeto extensionista da universidade, o UESB em Movimento; pude ganhar 04 grandes famílias nas escolas que pude treinar, AJJEU (Ubaitaba-BA), GF Jiu-Jitsu e UFT (Jequié –BA) e The Academy (Pensacola – FL – EUA) e o mais importante ajudou a construir a pessoa que sou, pois os ensinamentos da arte suave juntamente com a base familiar, ajudaram-me ser mais que uma boa atleta e filha, um ser humano melhor.
Quando perguntamos sobre as dificuldades, ela falou sobre a falta de apoio, o que na maioria das vezes inviabiliza o atleta de prosseguir em sua jornada no esporte.
Eu conto apenas com o apoio dos meus pais e familiares, o que infelizmente não é o bastante para custear os gastos com passagem, translado, hospedagem e alimentação, e acabo não participando do número de competições que gostaria, principalmente as de nível internacional.
Ela reconhece o quanto o jiu-jitsu feminino vem crescendo, “Hoje em dia encontramos um maior número de meninas nas academias e participando dos campeonatos.” Ela conta que no estado em que mora, já percebe essa crescente nas competições a cada evento que participa, e mesmo com um baixo número de graduadas competindo, vê que estamos avançando. Ainda deixou um recado para os organizadores de eventos:
“E faço uma ressalva para que os organizadores de eventos possam olhar um pouco mais para o púbico feminino, que possam oferecer premiações do mesmo porte do masculino, pois só valorizando e incentivando poderemos de fato fortalecer o nosso jiu-jitsu feminino.”
Ela cita como principal objetivo continuar treinado cada dia mais firme e poder disputar as principais competições do cenário nacional e mundial. Ajudar a fortalecer o jiu-jitsu feminino por meio do grupo The Tigers BJJ. Grupo criado por ela e amigas para aproximar, incentivar e fortalecer as atletas do interior da Bahia. Fala também que continuará ajudando a nova geração de atletas da AJJEU e dos projetos sociais que participa, o PROASE e a UFT, “(…) para que muitos novos guerreiros e guerreiras tenham acesso à arte suave. ”
Nós, da BJJ Girls Mag, agrademos por compartilhar um pouco de sua trajetória e, esperamos que logo você consiga apoio para sua carreira e seus projetos, dando visibilidade e oportunidade as novas guerreiras.
Oss.
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