Jiu jitsu e suas histórias de superação. Hoje, compartilhamos um testemunho impactante de uma seguidora que encontrou no jiu-jitsu uma ferramenta poderosa de superação e empoderamento. Através de sua jornada, ela destaca a importância desta arte marcial não apenas como prática esportiva, mas como um meio de cura e fortalecimento interior.
Seu relato nos leva a uma reflexão mais profunda sobre o papel do jiu-jitsu na vida de muitas mulheres, especialmente em um país como o Brasil, onde os casos de assédio e violência contra mulheres são alarmantemente altos.
Dados da violência contra mulher
Em 2023, o Brasil ainda enfrentava números elevados de violência contra a mulher, com dados indicando que a cada dois segundos, uma mulher é vítima de violência física ou verbal no país. Em meio a esse cenário sombrio, práticas como o jiu-jitsu emergem não apenas como um esporte, mas como um mecanismo de defesa pessoal e reconstrução do ser.
O jiu-jitsu e seus efeitos na autoconfiança da mulher
A história da nossa seguidora reflete a realidade de muitas mulheres que, após experiências traumáticas como o abuso sexual, encontram no jiu-jitsu um caminho para reconquistar a confiança em si mesmas e em seus corpos.
O jiu-jitsu, com sua ênfase no controle, técnica e autoconfiança, oferece uma base sólida para o desenvolvimento pessoal e físico. Ao aprender a se defender, as mulheres não apenas ganham habilidades físicas, mas também uma nova perspectiva sobre sua própria força e capacidade de superação.
Jiu-jitsu como espaço de apoio e suporte
Além disso, o ambiente do jiu-jitsu, muitas vezes caracterizado pela camaradagem e apoio mútuo, serve como um espaço seguro para mulheres se expressarem e crescerem. Em academias por todo o Brasil, a inclusão e o respeito pelas mulheres têm ganhado cada vez mais espaço, quebrando barreiras e preconceitos. Este aspecto comunitário do jiu-jitsu é fundamental, pois oferece às mulheres um senso de pertencimento e uma rede de apoio que é crucial em processos de cura e empoderamento.
Importante mencionar também que o jiu-jitsu se tornou uma ferramenta valiosa em programas de prevenção ao assédio e à violência contra a mulher. Iniciativas que ensinam técnicas de defesa pessoal através do jiu-jitsu têm se multiplicado, evidenciando o papel desta arte marcial na promoção da segurança e do bem-estar das mulheres.
Esses programas não apenas equipam as mulheres com habilidades físicas para se defenderem, mas também trabalham para restaurar a confiança e a autonomia perdidas após experiências de violência.
Um relato comovente e profundo
O relato de nossa seguidora é um lembrete poderoso de que, além de ser uma prática esportiva, o jiu-jitsu é um veículo de transformação pessoal e social. Sua história é um testemunho do potencial do jiu-jitsu para fortalecer, curar e empoderar, oferecendo um caminho para a superação de traumas e para a reafirmação da dignidade e força interior de cada mulher.
Integração do jiu jitsu
Ao integrar o jiu-jitsu em suas vidas, mulheres de todas as idades e histórias estão redefinindo o que significa ser forte, corajosa e resiliente. Essa jornada de empoderamento através do jiu-jitsu não é apenas sobre aprender a se defender fisicamente; é sobre descobrir e abraçar a própria força interior, superando os traumas do passado e construindo um futuro de confiança e autonomia. É nossa esperança que este relato inspire mais mulheres a explorarem o jiu-jitsu como um meio de fortalecimento pessoal e coletivo.
Segue o relato:
“Um pequeno desabafo de gratidão.
Não conheço a história de todas as jiujiteiras aqui, mas se de alguma forma a minha história contribuir pra alguma delas, meu coração ficará cheio de gratidão. O jiu-jitsu salva e eu sou a prova viva disso. Sempre fui extremamente avessa ao contato físico, eu simplesmente havia criado uma barreira que impedia as pessoas de demostrarem qualquer ato de afeto pelo contato físico, pois na infância eu havia sofrido abusos sexuais.
Esse fato desencadeou inúmeros problemas na minha vida, insegurança, princípio de depressão, ansiedade, distorção da própria imagem, enfim… Eu vivi por anos sob a penumbra de uma onda de tristeza.
Apesar de tudo isso, as artes marciais sempre me fascinaram muito, desde da minha pré-adolescência. E o jiu-jitsu em específico pela influência do meu irmão que é praticamente, mas por conta do machismo do meu pai e da família dele eu só pude começar a treinar aos 20 (ano passado) quando meti a cara, pois sabia que ele iria ser uma forma de Deus curar minhas feridas interiores.
Muito receosa no início, pois sabia do contato que a arte suave tem e que em alguns momentos os meus medos poderiam querer gritar. Mas fui, com um coração cheio de expectativas e incertezas. E hoje, refletindo sobre isso, eu vejo o quanto o jiu-jitsu me tornou forte, independe, corajosa, ousada, destemida, coisas que a violência que eu sofri na infância tentou roubar de mim.
O jiu-jitsu empodera aquelas que se sentem fracas e diminuídas, pois eu eu vejo que tem feito isso na minha vida. O jiu-jitsu tem sido fundamental no meu processo de superação de um trauma. E simplesmente me sinto grata por o jiu-jitsu ter me encontrado, eu espero sinceramente que encontre outras meninas/mulheres que podem estar enclausuradas em seus medos e traumas.”
