O Projeto Gaditas é um projeto social situado na Zona Sul de Porto Alegre que atende mais de 200 crianças. O projeto que busca tirá-las das ruas e das drogas já levou as crianças à diversos campeonatos como: estaduais, Brasileiro, Mundial pela CBJJE, Sul Americano, Europeu Kids, Sul Brasileiro e se consagrou como a segunda melhor equipe em 2019 no Campeonato Brasileiro da CBJJ.

O Projeto foi fundado por Eduardo Oliveira que hoje tem a guarda de 12 crianças que moram com ele.

O que te motivou a iniciar este projeto?

Fui dependente químico, passei a minha infância toda nas drogas e tráfico. Quando larguei com 23 anos pensei: preciso fazer algo para mudar essa geração, algo que tire as crianças das ruas e das drogas. Então criei o projeto com esse objetivo: salvar vidas.

Como se dá a seleção das crianças?

Não temos seleção. Nosso objetivo é salvar vidas, não importa onde e como elas estejam. Recebemos todas e depois iniciamos o processo de transformação. Selecionamos apenas para campeonatos, só luta quem estiver treinando sério, indo bem na escola e se tiver um bom comportamento em casa.

O projeto tem algum apoio?

Apoio fixo não. Temos apoio de pessoas que nos ajudam conforme a situação.

Quais os maiores desafios que você enfrenta?

Hoje o nosso maior desafio é pagar a conta e a luz. Tenho doze crianças que moram comigo e tenho a guarda deles.

Existem ou existiram mudanças no processo?

Sempre. Tentamos andar sempre conforme a situação, temos uma metodologia mas queremos mudar muitas coisas ainda.

Como é a relação do projeto com as famílias?

Tem famílias que não temos acesso devido ao tráfico e problemas com drogas então evitamos contato porque jogamos do lado contrário, mas temos uma relação muito boa com a maioria das famílias.

Como era a rotina com as crianças que moram com você antes da pandemia?

Era uma loucura. Pela manhã levava uns para a escola e depois ia trabalhar. Quando voltava meio dia pegava eles na escola e dava almoço. Depois às 13:15 levava os outros que estudavam à tarde para a escola e voltava para o trabalho. Mais tarde buscava eles e às 18:30 tinha treino. Depois disso era banho, janta e descanso. Eu continuava dando aula até às 22h porque tenho outras turmas dos maiores que treinam mais tarde. Também levava alguns meninos que estudam à tarde para o treinamento físico pela manhã.

Como a pandemia afetou a rotina do projeto?

A pandemia afetou em tudo. Tínhamos vários planos, viajar para fora para lutar campeonato era um deles. As crianças estavam tendo aulas de inglês. Tínhamos muitas coisas em jogo e do nada tivemos que parar com tudo.
Nesse período acabamos perdendo muitos jovens para as ruas. Não conseguimos manter contato com eles e com as famílias. Resumindo: vamos ter que voltar do zero todo o trabalho psicológico e emocional. Longe alguns perderam a disciplina e infelizmente muitos voltaram a fazer bobagem. Mas não vamos desistir.

Vendo um projeto como o Gaditas, temos a oportunidade de olhar um pouco fora da nossa bolha e entender que o o jiu-jitsu vai muito além de um esporte. Para muitas pessoas, o jiu-jitsu é tudo na vida delas. Se você tiver a oportunidade de ajudar de alguma forma algum projeto social, seja com apoio financeiro, doação de material ou outra maneira, faça isso. Pode mudar muito na vida dessas crianças e jovens.

Foto: @duduclavelinphothography

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