Campeonato rolando, chega sua vez. Você cumprimenta o árbitro e sua adversária. Vem o sinal: “Lute!” A pegada sai meio frouxa, você dá mole, aquela posição treinada não sai. Você trava e pensa: “Falta muito? Por que eu fui me inscrever?” A luta acaba, algumas vezes é seu braço que sai levantado, outras vezes, a cabeça sai baixa.
Todo mundo que compete já se viu nesta gangorra alguma vez. Aqui muitas fichas começam a cair: não é só treino, não é só coração, muito menos apertar só o play. É tudo junto e misturado: suor, dedicação, algumas vezes sorte e frustração, mas acima de tudo, é autoconhecimento.
Uma jornada fascinante, que escolhi trilhar da faixa branca até a marrom, estudando muito sobre a parte mental e adaptando algumas técnicas ao meu jiu-jítsu. Foi assim que evoluí como pessoa e atleta e levei algumas lições valiosas do tatame para a vida:
- Seja a pessoa que está sempre ao seu lado. “Nossa, que burrada eu fiz”. Às vezes, a gente se autossabota sem perceber. Seja sempre a primeira a dizer: “Estou com você, independentemente da vitória ou da derrota.”
- Mude seu diálogo interno. Se você pensar em algo que adora comer, logo vai começar a salivar. É isso: você pensa, e seu corpo reage sem identificar o que é real ou não. Então, se pensar que não é capaz ou que a adversária é mais experiente, o corpo reage como se estivesse sob estresse: aí aparecem medo, nervoso. Perceba esses diálogos e responda positivamente a esses pensamentos: quem disse que você não é capaz? Quando uma luta começa, é 50% para cada lado.
- Encontre o estado de ânimo ideal para a alta performance. Sabe aquele campeonato que você lutou superbem? Como estava seu ânimo naquele dia? O que contribuiu para o resultado? Procurar recriar esse estado de ânimo quando encarar um novo desafio.
- Visualize. Habituar-se a uma situação dá segurança. Visualize todos os detalhes, desde a chegada ao ginásio, sinta a energia boa do lugar, pense nas possíveis situações na luta e suas reações. É como se você já soubesse o que acontecerá: tudo flui mais fácil.
- Não se cobre a vitória. Ela não está nas suas mãos. Depende de Deus, pode ficar nas mãos do árbitro, sua adversária pode ser superior ou simplesmente o jogo não bater. Foque em colocar seu jogo em prática e fazer seu melhor.
- Crie gatilhos. Já viu alguns atletas fazendo alguns gestos antes de entrarem em ação? Muitos são “rituais”, gatilhos que ativam seu estado mais determinado. Pode ser uma forma de se aquecer, um gesto, uma música.
- Encontre sua categoria. Testar-se em uma categoria acima ou abaixo pode fazer uma grande diferença.
- Foque na qualidade em vez da quantidade. Você treina muitas vezes ao dia? Experimente treinar menos, com mais intensidade, qualidade e tempo de recuperação.
- Saia da zona de conforto. Não tenha medo de se arriscar nos treinos. Tendemos a fazer nosso forte, mas quando deixamos nosso jogo seguro para testar coisas novas, ampliamos muito mais nosso repertório.
- E por fim, deixe os outros e suas expectativas para lá. Este é seu momento, Roll Like a Girl! Deixe-se levar pela alegria de estar ali e não pelo que os outros possam pensar. Sinta-se grata pela oportunidade de partilhar este momento com outra pessoa que hoje é sua adversária, mas também ama o jiu jitsu tanto quanto você. Mais que títulos, tenha orgulho da sua jornada!
