O simples fato de ser mulher (que luta)

Não sei se acontece com todas as mulheres que praticam jiu-jitsu ou outras lutas, mas comigo a frase que vem logo após dizer que a arte faz parte da minha rotina é recorrente: “nunca vou brincar com você”. Confesso que a declaração me causa um certo orgulho e já me livrou de vários inconvenientes que poderiam ter evoluído para situações de risco pessoal.

Os casos de feminicídio no Brasil estão ocupando cada vez mais tempo nos noticiários, uma “moda” mórbida que vai na contramão das dezenas de campanhas educativas que pregam a não violência contra a mulher. Pior é saber que existem pessoas, inclusive mulheres, que se dispõem a culpar a vítima pelos atos do agressor, institucionalizando a barbárie e ajudando a replicar tais atitudes como naturais.

Este texto é para aquelas que não se iludem e sabem que uma agressão contra a sua integridade física e sua vida pelo simples fato de ser mulher pode vir de qualquer lado, a qualquer momento, dentro ou fora de casa e não distingue classe social, raça, credo ou grau de instrução.

Então vamos praticar a psicologia reversa para imaginar o que aconteceria se a mulher soubesse usar as pernas, braços e quadril para se defender de uma tentativa de estupro? E se ela soubesse usar a camisa ou a gravata do agressor para estrangulá-lo? E se soubesse manter a guarda alta quando visse uma punho cerrado vindo na direção do seu rosto? E se ela aprendesse a usar itens da cena para afastar o seu algoz e fugir do local?

A questão da autodefesa para a mulher perpassa muito mais pela prevenção (“nunca vou brincar com você”) do que pela solução do problema em si. Qualquer mal intencionado vai pensar mais vezes antes de se aproximar de uma mulher que luta, pois sabe que as chances dela usar as suas habilidades de defesa a possibilidade de evitar maiores danos físicos ou até mesmo sair de situações críticas aumenta consideravelmente.

Sabe-se que nem toda mulher pode praticar uma arte marcial, este é o mundo real, mas a finalidade deste site é manter um canal de diálogo entre mulheres que praticam e as que se interessam pelo jiu-jitsu. Portanto, se você está no segundo grupo e quer saber mais sobre os benefício do jiu-jitsu para mulheres, estamos aqui para ajudar.

Juntas somos mais fortes!



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