A atleta desta semana é a alagoana arretada Caroline Buarque Vasconcellos Santos, advogada, solteira, 32 anos, atleta faixa roxa 2º grau da Kimura Alagoas. Confiram a entrevista:
Como começou no jiu-jitsu?
A princípio buscava uma arte marcial para autodefesa, procurava pelo Judô, no entanto, não encontrei Dojo próximo a minha residência. Foi então que meus amigos me falaram do Jiu-jitsu, logo em seguida procurei uma academia, fui muito bem recebida e logo nos primeiros dias me apaixonei pelo Jiu-jitsu e já estou nessa história de amor por 5 anos e 3 meses. Só interrompi cerca de 3 meses, somando todas as lesões e doenças que tive neste período.
Qual a sua rotina diária?
Minha rotina diária é dieta, musculação, pilates e treino técnico de jiu-jitsu. Sou acompanhada pelo nutricionista desportivo Rinaldo Caporal que adota uma alimentação na qual como de 3 em 3 horas, numa dieta hiper proteica. Tomo suplementação de proteína isolada e creatina, e reposição de vitamina D e Ômega 3. Segunda, terça e quinta faço musculação no período da tarde, aproximadamente 2h30 na Prem1um Fitness. Quarta e sexta pela tarde faço Pilates Solo também na Prem1um, durante 1h. Todos os dias (segunda a domingo) treino jiu-Jitsu por 2 horas.
Qual a sua maior dificuldade encontrada como atleta?
A maior dificuldade do atleta é sem dúvida a falta de apoio/incentivo/patrocínio, seja da família, seja da iniciativa privada ou seja dos órgãos públicos. Pois toda modalidade desportiva exige aparatos como: vestimenta, proteções, suplementação, remédios, academia, apoio técnico de treinador, preparador físico, nutricionista, fisioterapeuta e tudo isso depende de dinheiro. Se você não é uma pessoa abastada, com condições de se manter, você não consegue treinar e se manter competindo em alto nível, pois nem acesso aos campeonatos você pode ter. A segunda maior dificuldade é conciliar sua vida pessoal, afazeres domésticos e trabalho com a rotina de treinos e tudo isso sem o apoio necessário é quase impossível cumprir, você tem que se dedicar, se você quer ser um competidor.
O que mudou na sua vida após o jiu-jitsu?
A melhora na qualidade de vida: emagreci, tonifiquei a musculatura, com a dieta balanceada e exercícios diários, melhorei todas as minhas taxas sanguíneas, melhorando minha saúde e o desempenho desportivo. Além disso, melhorei o relacionamento com as pessoas, tornei-me uma pessoa mais sociável e confiante, com muito mais autonomia. Meu humor melhorou. A disciplina e o respeito que você tem no tatame, você aprende, carrega com você para sua vida, abraça como filosofia, e toda a positividade, incentivo, disciplina, você aplica na vida e se torna resiliente e tranquilo, sempre buscando a objetividade, mas com o respeito profundo pelo ser humano.
Defina o seu jogo!
Sou guardeira! Chamo, raspo e finalizo! Gosto de um jogo mais técnico, de cautela e análise, que não dependa muito de força, não que ela não seja feita, mas que exija muito mais da sua agilidade, flexibilidade e técnica. Sem dúvida qualquer chave de braço, em especial o ARMLOCK, que eu procuro encaixar de onde você puder imaginar.
Quais os seus títulos e como tem figurado no jiu-jitsu no seu Estado e no Brasil?
Atualmente sou a quarta colocada do ranking da CBJJ e sétima do ranking da IBJJF. Primeira do ranking alagoano da FJETAL Faixa Roxa (Federação Alagoana de Jiu-jitsu), segunda no ranking (todas as faixas) GI leve da LAJJ (Liga Alagoana de Jiu-jitsu) e primeira no ranking NO GI da LAJJ. Meus títulos principais e mais recentes: Campeã do Internacional Master South America IBJJF 2017 categoria Roxa/Master 1/Leve e terceira colocada no absoluto; Campeã do Salvador Spring Open IBJJF 2017, categoria e absoluto, GI e NO GI; ; Campeã do Brasília Open IBJJF 2017, categoria e absoluto, GI e NO GI; Campeã alagoana das 3 etapas da FJETAL, categoria e absoluto 2017; Campeã alagoana da LAJJ das 3 etapas 2017 na categoria Roxa/Leve GI e NO GI e segunda colocada no Absoluto (todas as faixas) e Campeã do Absoluto NO GI.
Quais são suas fontes de inspiração no esporte?
Não tem como delimitar toda a minha admiração em uma só pessoa e vou citar nomes de quem eu tenho maior respeito e admiração no esporte, por diversos motivos, seja pelo modo de pensar, seja pelo respeito que dá ao tatame, seja porque é um excelente competidor ou seja porque copio muito do seu jogo: primeiro de todos Mestre Hélio Gracie, por acreditar e conduzir a arte de forma a dar acesso a qualquer pessoa, Mestre Jair Lourenço fundador da Kimura, Mestre Marcelo Lourenço e Mestre Alessandro Fernandes meus professores e amigos; Bianca Andrade, a primeira faixa preta de Alagoas e multicampeã, os competidores Masters Megaton Dias, Cobrinha Charles, Andrei Andrezzo, Kiki Melo, Michele Tavares, Letícia Ribeiro, Michele Nicollini, e os atuais: Rafael e Guilherme Mendes, os deuses sagrados que idolatro e admiro o jogo, Bruno Malfacine, Gezary Matuda, Mackenzie Dern, Nathiely de Jesus, Bianca Basílio, Ana Carolina Vieira, Claudia do Val, Espen Matthiessen, Tayane Porfírio, Gabriela Fechter e muitos outros…
E como está a carreira como advogada?
A carreira da advocacia não permite que você tenha a rotina de treino que tenho. Tinha meu escritório e uma vida muito atribulada, em que meu único interesse era trabalhar. No início era apaixonada pela advocacia, mas quando a realidade da Justiça brasileira te alcança em virtude da conjuntura nacional, das desigualdades sociais, da falta de humanidade, e de muitas arbitrariedades do Judiciário, abri mão de tudo, porque aquilo me fazia infeliz, e minha vida era vazia, porque trabalhava só pelo dinheiro, não tinha mais paixão. Até que encontrei o jiu-jitsu pelo caminho e saí daquela depressão, e percebi que você pode ser feliz e ter paixão pelo o que faz, comecei a tratar a advocacia como quebra galho e o jiu-jitsu como minha vida. Por isso, entrei na UFAL para cursar Educação Física Bacharelado para ser professora de jiu-jitsu e me dedicar a ensinar a filosofia da arte suave e de motivar uma vida de bem-estar para outros.
Qual a posição da sua família quanto à mudança de caminho profissional?
Minha família sempre incentivou tudo o que fiz na vida, mas não encaram o jiu-jitsu na minha vida com a mesma seriedade que encaro, para eles é apenas um esporte e um passatempo, e para mim, minha futura profissão e estilo de vida.
Agradecemos pela entrevista e desejamos um caminho de muitas coisas boas na vida e carreira da Caroline! Oss!