Sobre abrir (e manter) uma academia de jiu-jitsu

Pesquisas recentes mostram que o mercado da saúde parece ser um dos poucos que não sofre de crise econômica no Brasil. Nós ocupamos a incrível colocação de segundo país em número de academias no mundo, ficando atrás apenas dos EUA:

“Segundo o relatório da Pluri Consultoria, acredita-se que no ano de 2016 o crescimento foi de 22%, equivalente a 1,9% do PIB. Os números levam em conta clubes, entidades, marketing, mídia, comércio, vestuário, artigos e equipamentos, eventos e serviços em geral.” (Segundo matéria do jornal Estadão).

Os dados acima tratam de números gerais que englobam não apenas o ramo de lutas, mas o mercado fitness como um todo. Certo, você pode pensar que o “fitness” não se aplica ao jiu-jitsu, mas não se engane, pois a arte suave tem provado que a sua prática tem propósitos muito além do que a luta em si, engendrando também pelo caminho estético e de bem estar. Portanto, surfa na mesma onda de todo o modelo de vida saudável que tanto vem gerando lucro (e não necessariamente resultados) no Brasil e no mundo.

Neste artigo vamos perceber que abrir e manter uma academia de jiu-jitsu não é uma missão impossível e como todo empreendimento ela deve funcionar para dar lucro e assim se manter. Saliento que não trataremos de custos de investimento inicial, já que eles podem variar de acordo com quanto se tem para investir e do tipo de equipamentos a serem adquiridos. Mas, tenha certeza que planejamento é a palavra chave se quiser ter sucesso.

Bem, existem vários motivos para uma pessoa procurar uma academia e no caso das artes marciais podemos dizer que alguns são nobres, outros nem tanto. Entre os nobres estão questões como cuidar do corpo, da mente, ter mais disciplina, promover o autoconhecimento a partir da essência que as artes marciais proporcionam. Entre os nem tão nobres está o aumento dos índices violência que levam muitos a desejarem aprender uma defesa pessoal.

Pelas informações acima explanadas, agregadas a outras questões de interesse pessoal do empreendedor (desejo de ter um próprio negócio, por exemplo), chega-se à conclusão de que abrir uma academia de jiu-jitsu pode ser um excelente investimento, porém, o conselho é que nada seja feito no improviso. Afinal, é necessário ter planejamento, noção financeira, conhecimento do mercado e do público alvo, e, lógico, muita vontade de empreender agregada à certeza de que será preciso abrir mão de muita coisa para que o negócio dê certo.

Lembrando que fatores como a estrutura física, a segurança, um sistema de cobrança de mensalidade eficiente, a divulgação do negócio, o conforto, a acessibilidade, a qualidade dos serviços, os custos fixos (água, luz, etc.) e a higiene do local são prerrogativas mínimas para qualquer tipo de negócio. Porém, há um diferencial quando se trata de artes marciais: o(a) professor(a), pois independentemente da motivação que leva uma pessoa a se matricular numa academia de jiu-jitsu, é pela qualidade do(a) professor(a) (faixa preta, sempre!) que ela tende a permanecer.

Bem, a academia está funcionando, e aí? Infelizmente não é raro ver empreendedores reclamando que as suas academias “não dão certo”, não lucram e às vezes precisam fechar as portas por não conseguirem se sustentar. Então, abaixo estão algumas dicas que podem influenciar no sucesso ou não de uma academia de jiu-jitsu, embora existam muitas outras questões que podem surgir e que, lógico, serão bem vindas para debate:

  • No jiu-jitsu é comum confundir amizade com negócio. Fuja desta prática e deixe claro que, excetuando as gratuidades, todos pagam mensalidade;
  • Por falar em gratuidade, é preciso ser criterioso nessa escolha, pois qualquer investimento se torna inviável quando há mais bolsistas do que pagantes;
  • Mantenha uma mensalidade condizente com a estrutura que você oferece;
  • Estipule um prazo para pagamento da mensalidade e ofereça descontos para pagamentos antecipados;
  • Mantenha horários flexíveis para os treinos;
  • Tenha metas de crescimento;
  • Crie na sua academia a cultura de que as aulas são um serviço e não um favor;
  • Invista na divulgação da sua academia. Redes sociais e um blog bem elaborado são altamente recomendados, mas não comece nada disso se não for realmente usar;
  • Cobre um valor separado por aulas particulares (hora/aula);
  • O professor deve ser disciplinador na medida certa. Lembre-se que os alunos pagam por um serviço, não por um favor ou para serem humilhados;
  • Trabalhe a inclusão. Dê um percentual de gratuidade para pessoas carentes sem esquecer a proporção gratuidade/pagantes;
  • Atualize-se. Participe de eventos, feiras de negócio, cursos de gestão de academias, seminários. O aprendizado nunca deve parar;
  • Seja o seu setor financeiro. É o dono que deve gerir o negócio;
  • O professor deve preparar alunos para dar suporte quando precisar se ausentar da academia (faixas roxas e marrons);
  • Faça pequenos “mimos” para seus alunos, como lembrar o aniversário ou enviar mensagem como “estamos sentindo a sua falta” para os “sumidos” da equipe;
  • Invista sempre em melhorias (pessoais e estruturais);
  • Se tiver funcionários, treine-os para atender o público e saber tudo sobre a academia. É muito negativo o cliente fazer perguntas e não obter respostas satisfatórias;
  • Se tiver funcionários não se esqueça dos direitos trabalhistas, mesmo que você não opte por ter um CNPJ;
  • E planeje, planeje e planeje.

Boa sorte e bom trabalho com seu negócio! Compartilhe sua experiência aqui conosco nos comentários 😉

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