Os benefícios do jiu-jitsu para a saúde física já foram muito bem relatados. É senso comum que as artes marciais trazem inúmeros benefícios fisiológicos para praticantes das mais diferentes modalidades. Mas, nesta coluna, quero abordar um aspecto social do jiu-jitsu bastante interessante. Eu quero compartilhar com os leitores e leitoras da BJJ Girls Mag a forma que as pessoas que não treinam têm visto as artes marciais e, naturalmente, incluindo a nossa amada arte suave.
Estudos recentes mostram que a percepção que as pessoas que não praticam artes marciais têm sobre estas é bastante interessante. Três quesitos são destacados nesta ordem: (i) saúde física, (ii) autodisciplina e (iii) estilo de vida saudável e limpo. Esta percepção é bastante curiosa por advir de pessoas que são apreciadoras e admiradoras de artes marciais, entretanto, não são praticantes. O estudo mostrou, contudo, que um fator é bastante negligenciado, sendo ele o efeito do treinamento sobre crianças e jovens, com um destaque na importância em se dar mais atenção aos aspectos educacionais que os valores embutidos nas artes marciais trazem. Valores estes que, já tecnicamente comprovados, trazem grandes benefícios, em especial para crianças e jovens, em questões como melhoria comportamental, melhoria emocional e na superação de dificuldades em socialização e convivência em sociedade.
Entretanto, esses aspectos descritos até o momento, são de certa forma, conhecidos do público em geral. Mas há outros tópicos que de forma geral não são muito discutidas, mas que têm grandes consequências nas vidas de maneira individual e também coletiva. Neste contexto, vou me permitir conversar com os leitores e leitoras sobre o crescimento espiritual de forma ligada às artes marciais e sobre a agressividade relacionada com seus praticantes.
Crescimento espiritual: Para muitos, o nascimento das artes marciais tem sua origem no antigo oriente em uma atmosfera com a espiritualidade predominantemente budista. A integração psicofísica, relacionada aos duetos corpo-mente ou corpo-espírito, existia como um objetivo que poderia ser não somente alcançado, mas também dominado, através desta integração. Se formos considerar toda a filosofia que existe no jiu-jitsu e toda a ideia de que a arte suave vai muito além dos tatames, esta ideia é bastante interessante.
Na pesquisa, pelo menos cerca de 30% dos entrevistados destacam que não há relação no desenvolvimento da espiritualidade e as artes marciais. Um percentual relativamente equivalente (cerca de 31%) entende que há uma relação direta enquanto para cerca de 35% esta relação é parcial.
Agressividade: A mesma pesquisa trouxe dados bastante curiosos sobre a questão de agressividade e a percepção que pessoas não praticantes de artes marciais têm sobre essa característica em relação aos que praticam. Agressividade é tecnicamente definida como qualquer ação física ou verbal que intente causar um prejuízo físico ou emocional em outrem. Talvez um dos aspectos mais preocupantes do estudo foi a afirmação da existência de uma percepção comum de que o treinamento em combate corporal tende a aumentar a agressividade das pessoas. O aumento da força muscular e mudança física em que pessoas ficam mais encorpadas são características que causaram intimidação entre as pessoas participantes da pesquisa. Este aspecto negativo, contudo, é comprovadamente menor quando comparado com a visão sobre a agressividade de não-praticantes.
Estes dados curiosos permitem uma avaliação em aspectos filosóficos das artes marciais e nos remete à necessidade de se haver um engajamento entre os praticantes do jiu-jitsu para que haja uma associação entre características desejáveis (autocontrole, confiança e pacifismo) com a arte suave.
Agora lhes pergunto: como é a imagem que seus amigos e amigas não praticantes de jiu-jitsu têm sobre a sua pessoa? Isso, com certeza, nos faz pensar.
Bons treinos com muita paz, autocontrole, benignidade e, aos que creem, espiritualidade!
Oss!