“Mas você não vai lutar?”

Nos meus primeiros 3 anos de jiu-jitsu eu fui uma competidora. Lutei vários campeonatos, venci muitos e perdi alguns. Gostava de lutar, da adrenalina, a experiência era interessante. Foi importante para mim, não só no jiu-jitsu, mas para a vida. Aprendi nos campeonatos a lidar com o nervosismo e com situações adversas. Aprendi a me controlar mais nos momentos de stress. Mas o tempo foi passando e competir deixou de ser, para mim, o maior incentivo para treinar. Percebi que eu treinava por amor à arte e não pela emoção da vitória, eu treinava para ser melhor que eu mesma a cada dia e não precisava ser melhor que outra pessoa no campeonato.

Os objetivos na nossa vida vão mudando com o tempo, isso porque a própria vida não é sempre a mesma, ela segue e nem todos podem seguir a vida no jiu-jitsu competitivo. Desde que parei de competir, comecei a passar por essa questão que me incomoda um pouco: a cobrança para participar das competições. Como se eu só representasse minha equipe, meu time, com minhas performances em campeonatos, e não no dia a dia do treino, ajudando os colegas a evoluírem, evoluindo a mim mesma, e na retidão do meu caráter que o jiu-jitsu ajudou a formar, sendo exemplo para os que chegam ao tatame.

Acredito que todos devem participar de pelo menos um campeonato até pela experiência, saber se vão gostar ou não, e até mesmo se colocarem à prova. Os colegas devem incentivar, mas de maneira educada, respeitando a individualidade e o objetivo de cada pessoa. Forçar, pressionar com palavras ou exigir que um colega participe de campeonatos é falta de respeito.

Cada um tem seu motivo para estar no tatame, alguns é a profissionalização, alguns irão participar dos campeonatos por gosto, mesmo não sendo profissionais, mas o jiu-jitsu é para todos! Por isso, existem aquelas pessoas que estão no tatame lutando por um estilo de vida mais saudável, para manter a mente sã, pela socialização, pelo lazer. Se essas pessoas não querem entrar em campeonatos elas precisam encontrar naquele ambiente também a compreensão de que necessitam.

Sempre devemos incentivar os colegas a superarem a si mesmos a cada treino, e se for o caso, em cada competição, mas devemos pensar e avaliar se estamos incentivando ou pressionando demasiadamente, consequentemente, desrespeitando o objetivo do colega. Respeito, esse é um dos propícios básicos do jiu-jitsu!

OSS!

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