Quando um professor expulsa um aluno

Não deveria ser assim, afinal, a ideia de que a equipe da academia é a sua segunda família já traz intrínseco que dela você só sairia em última instância. Porém, esta instância pode estar mais próxima do que se imagina para algumas pessoas.

As polêmicas comportamentais que permeiam a vida de alguns praticantes de jiu-jitsu não são poucas e tem história pra todos os gostos, desde aqueles que aparecem para treinar em outras academias com a faixa acima da que realmente tem até os famosos brigões de rua, que às vezes mal treinam, mas se acham no direito de fazer baderna por onde passam. Em situações deste tipo há um personagem que geralmente é ignorado pelos fanfarrões: o professor. Este ser de luz que muitas vezes precisa ser pai, padrasto, irmão, amigo, conselheiro, monitor, vigilante, psicólogo, padre, advogado e juiz.

Quem pensa que para ser professor de artes marciais basta ter treinado por anos a fio e conquistar a faixa preta, está enganado. Há um oceano de pormenores a serem considerados. Um professor comprometido com o ensino do jiu-jitsu deve saber transmitir valores que nem todos os seus alunos trazem de berço e em algumas situações eles acabam mesmo precisando tomar as rédeas da vida de alguns, sobretudo daqueles com desvio de conduta.

Um ser humano com desvio de conduta será o mesmo dentro ou fora do tatame, porém, não é raro termos depoimentos de pessoas que deram uma guinada de 180º na sua forma de agir e pensar depois que iniciaram a prática do jiu-jitsu. E mais uma vez reforçamos a importância de um professor que ofereça ao “aluno problema” a oportunidade de melhorar a cada dia, de pensar mais no próximo, de fazê-lo reconhecer que suas atitudes têm consequências e que agir arbitrariamente pode levá-lo ao caos pessoal e ao afastamento de tudo aquilo que seja, de fato, importante em sua vida.

Porém, professores não são feitos de material impenetrável e insensível e infelizmente nem sempre é possível “salvar” um aluno que transporta consigo um comportamento autodestrutivo, que prejudica a imagem da equipe e, consequentemente, o nome do professor. Nesta situação a solução mais viável (e mais usada) é a de convidar o tal aluno a sair, ou seja, agir como um juiz que profere a sentença em prol de um bem maior, que é a sobrevivência e manutenção da integridade da sua equipe.

Não seria justo pensar que esta é uma tarefa fácil, pois não é raro que o professor de apegue aos alunos e crie por cada um o sentimento de proteção que vemos nas famílias que se importam, porém, não é possível comprometer todo um trabalho por conta de um ou outro aluno que não aceita regras e não respeita nada nem ninguém.

A disciplina que serve para construir o caráter deve sempre ser praticada dentro das academias de artes marciais, afinal, é ela que educa, edifica e direciona para o caminho do bem. Todos aqueles que não entendem isso não merecem estar num tatame treinando uma arte milenar como o jiu-jitsu.

Deixo aqui a mensagem para todos aqueles que ainda estão tentando se encontrar como pessoas.

“A disciplina é a mãe do sucesso”.

(Ésquilo)

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Bons treinos!

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