O jiu-jitsu funciona fora dos tatames? – Parte 2

Ei, você! Sim, você que treina jiu-jitsu e está lendo este artigo, qual é o objetivo final que te move a treinar? Você já usou nossa arte fora dos tatames? Qual seria sua reação se você precisasse usar? Como está seu psicológico se precisar reagir?

Eu mudei toda minha visão sobre a arte que pratico após sofrer uma tentativa de assalto armado dentro da minha casa, se você não leu este artigo confira aqui.

No meu outro artigo, eu contei a vocês sobre um homem armado com uma faca que entrou dentro da minha casa, e meu marido nos defendeu usando apenas o jiu-jitsu. E eu? Eu não fiz nada, fiquei em choque e paralisada diante de toda aquela situação. Como mulher e praticante de jiu-jitsu, confesso que fiquei decepcionada com a minha reação. Mas isso me alertou e muito, às vezes achamos que somos leões ferozes e no fundo não passamos de gatinhos acuados.

Meu maior trauma com essa experiência foi entender: por que eu não reagi? O que aconteceu comigo naquele momento em que eu deveria usar o jiu e eu fiquei ali olhando tudo passar diante dos meus olhos, completamente em choque.

Deus foi generoso comigo, além do meu marido que reagiu e nos defendeu, meu filho mais velho de 12 anos tomou todas as iniciativas necessárias para colaborar com toda aquela situação: pegou a faixa dele para amarrar o bandido, ligou para a polícia (que, diga-se de passagem, não acreditava nele) e cuidou do irmão caçula. Meu filho, apesar da idade, teve frieza para acompanhar a luta corporal e confiança nele e no jiu-jitsu.

Ao contrário dele, eu parecia uma barata tonta, procurava algo que não sabia para que usar. Eu estava com MEDO!

Durante os três primeiros meses, após esse fato, eu ainda não dormia à noite. Tinha medo de passar por aquilo de novo, medo de acontecer e eu estar sozinha, medo de não reagir, caso precisasse. Esse medo vinha sempre à noite, então eu passava a noite em claro só pensando no pior.

Depois desse período, o medo continuava e eu percebi que estava acabando comigo, precisei dar um basta, parar de alimentar o trauma e então passei a me questionar: Por que eu treino jiu-jitsu? Em outra época, eu responderia: Porque é contagiante, é um esporte que trabalha o corpo inteiro, gosto de competir e me sinto muito bem após os treinos.

Hoje, minha resposta não poderia ser outra a não ser: Eu treino jiu-jitsu para ter confiança, superar meus medos, ter controle do meu corpo e usá-lo quando necessário.

Eu mudei completamente minha visão sobre a arte que eu decidi praticar, eu não entro em um tatame em vão, eu entro e saio dele com um objetivo: acabar com meu medo! Meu foco mudou, toda técnica aprendida deverá ser absorvida e praticada, pois ela tem que funcionar dentro e fora do tatame.

Pense comigo: já não basta ser chamada de sexo frágil? Não somos sexo frágil, não é porque somos mulheres que não lutamos de verdade. Eu não posso praticar uma arte tão refinada e não saber me defender.

Você que é mulher já parou para analisar seu psicológico? Você já se imaginou em uma situação de extremo risco, em que um bandido está armado, seja com faca ou com pistola e pode colocar sua vida e dos seus filhos em risco? Eu não fico um dia sem pensar nisso, por isso EU TREINO JIU-JITSU! Essa é a resposta. Eu trabalho meu psicológico todos os dias, quero ter muito mais confiança do que eu já adquiri, quero me defender sem medo de usar as técnicas pois eu comprovei que o jiu-jitsu funciona. Quero ter controle absoluto do meu corpo e do meu adversário, seja na vida ou nos campeonatos, EU QUERO TER O CONTROLE!

Se ainda tenho medo? Digamos que é receio, mas tenho. Hipocrisia dizer que não tenho medo de passar por tudo de novo. Mas agora consigo controlar meu corpo e principalmente a minha mente, isso me motiva a ir cada vez mais fundo na nossa arte. Passei a dar importância para a defesa pessoal e praticá-la com afinco. E deixo aqui um alerta: Meninas, não deixem de treinar defesa pessoal, pois ela é essencial para nós. Quando pisar no tatame, tenha um objetivo e faça acontecer!

Apesar de ser o oposto do que eu passei, eu dedico este texto a muitas mulheres e meninas que precisam superar seus medos, ter confiança em si mesmas e precisam lutar todos os dias com pessoas dentro da própria casa: companheiros, maridos, pais e tios, monstros que fazem o inverso de protegê-las.

♫ “Esquecer, ao menos uma noite, o medo, o mal real que te segura.” ♪
O Rappa

Oss

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