Konde Koma ou Sada Miyako? Quem foi o precursor do Jiu-Jitsu no Brasil?

No texto anterior falamos um pouco sobre o excelente artigo dos pesquisadores do Departamento de Educação Física da Universidade Federal do Paraná (RS Lise e AM Capraro) sobre a história do Jiu-Jitsu Brasileiro. Terminamos questionando sobre quem foi o precursor do jiu-jitsu no Brasil e sobre quem iniciou as disputas intermodalidades (entre artes marciais diferentes).

Para alguns pesquisadores, as disputas entre modalidades de luta diferentes tiveram início em 648 A.C., na Grécia antiga. A arte era conhecida como pancrácio e utilizava golpes traumáticos (socos e chutes) e diferentes estrangulamentos. Até nos lembra o que muitas pessoas chamam de “jiu-jitsu raiz”. O final do combate se dava por desistência ou até algum dos lutadores ficar inconsciente (leia mais aqui). Ao que me parece, contudo, há um consenso de que as artes marciais mistas modernas tiveram início com o advento do UFC.

No início do século XX, entretanto, muito se atribui a Konde Koma (Mitsuyo Maeda) a entrada do jiu-jitsu no Brasil e o início das disputas intermodalidades. Mas justamente aqui que muitos pesquisadores questionam o chamado “discurso hegemônico” em que se atribui a família Gracie e a Konde Koma todos os loros desta história.

Sada Miyako veio ao Brasil em 1908, ou seja, pelo menos seis anos antes de Konde Koma, com o objetivo de divulgar o jiu-jitsu juntamente com M. Kakiora. Se relata que ambos demonstravam as técnicas da arte suave para demonstrar a superioridade da mesma sobre as demais. O mais interessante é que também se relatam aulas de jiu-jitsu para marinheiros brasileiros. Em 1909 se registrou o desafio entre um lutador português (Arnaldo José Ferreria) de grande imposição física e o Miyako. O português já havia vencido o japonês Raku, o qual não se sabe a modalidade de luta, mas infere-se ser o judô.

A arte de Miyako era bastante acurada, como foi registrado (O Paiz, 2 maio, 1909, p. 2): “À hora determinada, apresentou-se o mestre japonês Sada Miyako, que, como se sabe, desafiava a qualquer pessoa para lutar, prometendo prêmios àquele que o conseguisse subjugar. Por várias vezes alguns campeões se apresentaram no tablado, e, entretanto, o terrível japonês facilmente os matava”.

Em seu livro chamado “Carlos Gracie: o criador de uma dinastia” (4ª ed. Rio de Janeiro: Record; 2012.), Reila Gracie diz que “Sada Miyako se dizia lutador de jiu-jitsu e que fora vítima de uma farsa”. Parece que cada vez mais os pesquisadores da história têm quebrado essa visão hegemônica e atribuído a Miyako o seu devido valor (leia mais aqui), apesar das polêmicas envolvidas.

Terminamos parabenizando os pesquisadores da UFPR pelo excelente artigo e por nos ajudarem a compreender melhor a história da arte suave bem como suas origens. Não há nenhuma dúvida sobre a importância de Konde Koma bem como da família Gracie para essa história tão bela! Apenas queremos que todos que merecem um reconhecimento venham de fato a tê-lo!

Bons treinos! Oss!



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