Você conhece as histórias dos primórdios do jiu-jitsu no Brasil?

Ano passado dois pesquisadores do Departamento de Educação Física da Universidade Federal do Paraná (Riqueldi Lise e André Capraro) publicaram um artigo muito interessante na Revista Brasileira de Ciências do Esporte. Nele, os pesquisadores contestam uma memória relativamente consolidada e reafirmam outras tantas acerca dos primórdios do jiu-jitsu no Brasil.

Sempre atribuímos a Konde Koma (Mitsuyo Maeda) e a família Gracie (em especial Carlos, Hélio, George, Gastão Filho e Oswaldo), o fato de que estes tenham sido precursores dos confrontos intermodalidades no Brasil. Konde Koma chegara ao Brasil em meados de 1914, após passar por locais como Estados Unidos, Reino Unido, México, Cuba e França. Sempre tentando provar a eficiência e superioridade do jiu-jitsu sobre as demais modalidades de luta. Os primórdios do vale-tudo.

Apesar das distorções históricas e diferentes opiniões acerca da origem dos confrontos intermodalidades (atualmente referido como MMA ou vale-tudo, que são expressões usadas como anacronismos), existem muitas coisas interessantes e comuns entre as fontes históricas.

Por exemplo, como foi destacado pelos próprios autores do artigo, o começo dos confrontos entre modalidades de lutas distintas está firmemente relacionada ao Brasil, sendo o nosso país o local da origem neste estilo moderno. Percebe-se também que a família Gracie teve um papel fundamental em transformar o jiu-jitsu em Brazilian Jiu-Jitsu (Jiu-Jitsu Brasileiro). Ou seja, apesar de estarem ligados à origem da arte suave juntamente com Konde Koma, as adaptações e evoluções que tornaram nosso esporte marcial uma modalidade de fato brasileira.

Em 1915 no Rio de Janeiro (no Teatro Carlos Gomes), juntamente com sua trupe de lutadores de jiu-jitsu, Konde Koma fazia apresentações da arte suave, mas parece que o oferecimento de dinheiro para desafios com o público foi o fator motivante para as apresentações costumeiramente lotadas.

Na década de 20, os Gracies se fixaram no Rio de Janeiro e começaram os desafios a lutadores reconhecidos de outras modalidades e ‘valentões’ que brigavam nas ruas. Um confronto destacado foi entre o Mestre Carlos Gracie e o capoeirista Samuel no final da década. Pela dificuldade de regras em comum, o jeito foi o vale-tudo mesmo. E sem limite de tempo para o combate. Já sabemos quem venceu este confronto.

Entretanto, apesar de serem histórias bem consolidadas, Konde Koma não foi o primeiro a vir para o Brasil divulgar o jiu-jitsu aprendido no Japão bem como a sua eficácia e clamada superioridade. E os desafios intermodalidades? Parece que há fortes evidências que os mesmos também não se iniciaram com Konde Koma e nem com família Gracie aqui no Brasil. Mas isto eu vou contar no próximo texto…

Até lá, que todos e todas tenham um feliz 2019 com muitos treinos e evolução técnica, corpórea e (por que não?) espiritual também!

Oss!



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