Passadas as 12 lutas desse campeonato conturbado que foi 2018, chegou a hora de refletir e se preparar para a tão esperada final. Hora de estudar os erros e acertos em cada conflito, em cada progressão, em cada momento vivido dentro e fora dos tatames. Hora de pensar como será este evento que vai chegar. O ano de 2019.

Se chegou a tão esperada faixa nova, parabéns! Seu esforço e trabalho foi reconhecido. Agora é o momento de se preparar para os novos desafios e responsabilidades que uma nova graduação traz. Nada de vaidade ou de orgulho desnecessário. Nossa arte é muito rigorosa com os vaidosos. Aliás, ela é muito justa, neste sentido. Não demora muito, o jiu-jitsu cobra.

Não acredite que uma faixa diferente te transformará num semideus ou numa sumidade. Encare como um reconhecimento da sua capacidade e esforço. O Sensei te envia uma mensagem subliminar: você está pronto para a próxima etapa. Ajude seus colegas, respeite-os, e logo será um exemplo.

Se não chegou a graduação, não tem problema. Talvez alguns requisitos necessários ainda não foram alcançados. Assim como em qualquer disputa, seja na academia ou numa competição, se não foi alcançada a vitória ou a superação, arrume o kimono, amarre a faixa e vamos para o próximo desafio.

Eu sei o quanto é difícil aceitar, principalmente quando vivemos numa sociedade que não é muito simpática com derrotas. Inclusive, ela até divide as pessoas entre campeões e perdedores. Fortalecendo uma hierarquia “natural”. Mas, reflita que a questão em jogo é uma evolução pessoal. Daqui a pouco, quando menos esperar, você vai ser reconhecido.

Se teve que se afastar dos treinos, infelizmente, o ano foi difícil para muitos brasileiros. Nosso país está passando por problemas muito complexos, e diversas pessoas tiveram que se afastar dos tatames por problemas financeiros. Tivemos aumento dos combustíveis, aumento no gás de cozinha, aumento do desemprego…

Fatores que, somados às contas do final do mês pesam no orçamento. E como já falei por aqui, o jiu-jitsu não é uma atividade muito acessível financeiramente. Lamento em ver que pessoas que se identificam muito com uma produção humana, não possam acessar. Principalmente quando a barreira é financeira.

O que nos invoca a outra proveitosa reflexão: O que você busca no jiu-jitsu? Quem você quer ser na arte suave? Já pensou nisso? Suas condições objetivas te permitem alcançar seus anseios?

Eu penso preocupadamente na súplica ao esforço extremo. Mensagens que vão construindo uma consciência focada no objetivo a ser alcançado, muitas vezes a qualquer custo, mas sem apelo nenhum a racionalidade. Muito cuidado. Parafraseando o grande educador Paulo Freire, no seu pedagogia da autonomia, eu posso ser um incentivador de pessoas, entretanto, eu tenho a obrigação moral de alertá-las em qual mundo elas vivem.

Busque seus objetivos, batalhe, persista. Desde que isso não consuma totalmente seu tempo. Nossa passagem pela vida é muito curta. Então, organize suas ideias, relacione ela com a sua realidade. Mas observe se você chegou ao nível de um morador do seu esforço e um visitante da vida, ou da sua família.

Tudo isso para que você reflita que o jiu-jitsu precisa de você não só como um campeão mundial. Mas como um professor, técnico, coordenador de área, árbitro, professor de um projeto social… E você pode ajudar muita gente, de outras formas.

Quanto aos desafios que virão: Não estou muito otimista para 2019, até porque a conjuntura já nos sinaliza ventos contrários às nossas “velas”. Assistimos passivos ao fechamento do Ministério do Trabalho, entre outras “laranjas”, do nosso cenário político. Se você acredita que isso e o Jiu-jitsu não tem nada a ver, sinto muito, tem tudo a ver sim. Você pratica uma arte marcial “roubada dos deuses” pela decisão política de Carlson Gracie. (Só os ricos e poderosos da sociedade tinham acesso ao jiu-jitsu, Carlson “popularizou”). Mas isso é história para outro texto…

Por fim, o adversário pode ser difícil, em 2019, mas estamos vivos! E enquanto correr em nossas veias esta seiva vermelha, podemos mudar muita coisa. Teremos mais 12 disputas pela frente e muita coisa ainda pode acontecer. Tenham um excelente descanso também, para recuperar as forças para o novo ano que vem pela frente. Sirvam-se de pensamentos bons, amigos de nobres intenções e que sempre vençamos a ignorância. Firmes!



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