Colecione experiências e histórias com o jiu-jitsu

Faturas próximas do vencimento, problemas no trabalho, discussão no trânsito, correr para pegar filhos na escola, listas de supermercado. E, de repente, você está amarrando a faixa, atrasado(a) para iniciar o treino. Pode não ser a rotina de algumas pessoas, mas é a realidade para muitos. Muitas vezes a realidade entra no Dojo, faz aquecimento, técnicas, luta. E quando damos conta, já saímos do treino sem perceber as experiências escritas com suor, força, técnica. Um dia de aprendizado desperdiçado.

Quando a gente troca de lado no processo de construção do conhecimento (deixa de ser aluno(a) e começa a monitorar ou instruir) a importância das experiências cotidianas ficam mais claras. Você começa a perceber seu valor de uso. Chega a hora de passar para os mais novos um pouco de nossas vivências neste universo que é o jiu-jitsu ou a vida, uma arte flexível.

É muito importante perceber e analisar dentro de nossas situações cotidianas o máximo de aprendizado possível, que será utilizado mais cedo ou mais tarde no tatame e na vida.

Durante esses 17 anos de aproximação da arte suave, já vi e vivi várias situações. Seja comigo ou com os colegas de treino. Dentre superações pessoais, desconstrução do ego, aceitação, autocontrole. E confesso: ainda estou vivendo e aprendendo muito. Só que agora, existe um diferencial. Há um esforço muito duro em tirar de alguma forma, lições nas experiencias que vivencio, de uma forma geral. Duro porque, como citei no início do nosso treino (texto), alguns adversários interferem no processo.

Os problemas. Seria muito ingênuo e até cretino, se eu dissesse aqui que basta simplesmente ignorá-los e eles desapareceriam. Como poetizou Gil em sua canção Retiros Espirituais: Resolver tê-los é ter, resolver ignorá-los é ter… Algumas pessoas possuem esta capacidade. Outros não. Mas então, o que fazer com eles?

De alguma forma eles aparecem e precisam ser solucionados. É uma demanda extra no trabalho, um furo no orçamento não previsto. Mas, assim como numa luta, se você se precipitar ou começar a se agitar como um iniciante num primeiro dia de aula, numa busca para solucioná-lo a qualquer custo, indevidamente, o cansaço te abraçará, chega o desespero, e você é finalizado.

Obviamente, surgirão eventos que você terá que ceder aos três tapinhas. Que não estarão dentro da sua esfera de possibilidades de resolução. Da mesma forma que deve ceder a uma chave de braço encaixada, que apresente riscos à sua integridade física. Lembre-se que você deverá estar sempre bem fisicamente e psicologicamente. Sempre pronto(a) para o combate. Não é motivo nenhum de orgulho se ferir ou se machucar por pensar: O que irão achar de mim por desistir?

Não se trata de desistir do combate ao primeiro empecilho, se trata de compreender-se como ser humano, que não tem respostas para tudo, pois sua vida é um infinito aprendizado. Como para cada nova posição que o Sensei te apresenta, outras diversas formas de saída devem ser desenvolvidas. Adaptadas a sua realidade. Ajustadas ao seu jogo. E que nem sempre vamos ser primeiro lugar no pódio, ou que isso irá ser tão relevante no processo. Os momentos ruins também são importantes.

Existem formas de evoluir. Juntos! Isso mesmo. É com a superação de dificuldades no treino e na vida junto aos colegas, compartilhando experiências, ajudando alguém numa posição que, por você estar de fora da luta/problema, visualiza soluções melhores.

É reconhecendo os próprios erros. Que a realidade não é justa com todos. Pedindo desculpas, agradecendo, ouvindo opiniões, conselhos. Aproveitando cada situação, seja ela fácil ou complicada, para extrair algum tipo de aprendizado. Compreendendo o outro, sua importância e o quanto ele é humano como você.

Devagarinho você vai colecionando histórias, vai escrevendo seu próprio livro de experiências. Vai aprendendo com as situações. E um dia vai utilizar delas para resolver outros novos problemas. E vai criar novas histórias. Vai transmitir para outras pessoas. E o ciclo continua.



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