Treinando com o(a) ex

Viemos nesse mundo com o objetivo primordial de aprender e passar esse conhecimento para as futuras gerações. Se pararmos pra pensar desde a primeira célula que surgiu esse foi o objetivo principal, transpor o tempo, e esse objetivo só se concretiza passando o que se aprendeu para frente.

Depois de uma introdução filosófica dessa (rs), pensando no objetivo de todos, acredito que um deles seja “ser feliz” e para muitas pessoas, para ser feliz é importante ter um companheiro(a). Uma pessoa que divida com você suas alegrias, suas tristezas, que compartilhe suas qualidades e defeitos, juntamente com os gostos e os desgostos.

Já ouvi histórias de muitos encontros em lugares inusitados. Paixões que começaram com acidentes, casamentos que se realizaram depois de muitos anos de namoro a distância, mas convenhamos que é muito mais comum nos interessarmos por pessoas que estão dentro do nosso círculo de convivência. Nesse caso específico, dentro do tatame.

Quando o amor acontece

É normal que haja admiração pelos colegas de treino. Sempre tem aquele que tem a guarda bacana, um que passa muito bem, toreia bonito. E quando a pessoa é agradável, graças a Deus a maioria das pessoas que pratica jiu são agradáveis, é normal que ao sermos tratados bem, às vezes, surja um interesse mais profundo na pessoa e se esse interesse é mutuo aí que “rola” a paixão.

Todo relacionamento passa pela fase inicial da paixão. Amizades também passam por essa fase, e nela tudo é muito bom! As pessoas mostram o melhor de si afim de atrair cada vez mais o outro, e tentam não mostrar tanto dos defeitos pra não assustar o outro.

Dentro do tatame é lindo ver os casais. Eles são fofos, fazem brincadeiras brutas, como todo bom jiujiteiro, estão sempre rindo e treinando felizes da vida, mas fora do tatame o relacionamento continua e nem sempre ele vai dando certo, então começa a mudança.

O fim da fase da paixão

Com o tempo e a fase da paixão passando as pessoas vão se conhecendo melhor e principalmente vivenciando o defeito de cada um mais intensamente. As vezes um defeitinho que era tolerável passa a incomodar muito. É normal acontecerem brigas entre os casais, mas certas coisas tornam a união muito difícil, e as vezes, infelizmente, impossível.

Ao final da fase da paixão vem a fase do amor. Nessa fase é quando a pessoa vai descobrir mesmo se será um relacionamento duradouro ou não. Ao sair da fase da paixão se os indivíduos se cativaram ao ponto de que os defeitos sempre ficarem em segundo plano, e o amor e carinho entre eles estiver primeiro, provavelmente será um relacionamento duradouro, e talvez um daqueles pra vida toda.

E quando o contrário acontece? Quando os indivíduos percebem que será muito difícil conviver com aqueles defeitos? Todos são diferentes e toleram coisas diferentes também. Mas no caso dos relacionamentos dentro da equipe tem mais uma coisa que as pessoas pensam. Se terminar, como fica pra continuar treinando juntos?

Toda equipe é uma família, mas é uma família diferente em que todos são como irmãos. Para todos os membros da equipe cada um é irmão, mesmo que com suas preferências. Às vezes tem um irmão que é mais próximo, mas todos são irmãos e fazem parte. Não podemos abrir mão de nenhum irmão.

E sabemos também que quando os relacionamentos acabam, normalmente, um não quer ver o outro nem pintado de ouro. Como fica isso dentro da equipe se os dois treinavam juntos?

Treinando com o(a) ex

Então o relacionamento acabou, fora do tatame, pois dentro do tatame ainda são os dois membros da mesma família. É uma situação difícil para cada um, mas para os colegas de treino também é.

Independente dos erros e problemas que levaram ao término do relacionamento, para os colegas de treino não tem um certo ou errado, porque no tatame só tem irmãos e nós defendemos a família e queremos que todos permaneçam unidos, mas eu sei que é uma situação complicada!

Neste momento cabe aos dois ter maturidade e também um pouco de frieza de deixar o que houve fora do tatame. Eu sei que não é possível continuar treinando da mesma forma. Vai ter “aquele clima” durante um bom tempo, mas a outra opção seria trocar de equipe e nesse caso todos sairiam perdendo.

Talvez seja possível trocar o horário de treino durante um tempo, enquanto as feridas se curam, se isso não for possível, mesmo treinando no mesmo horário é possível treinar se distanciando um pouco. Cada um tem um tempo de cura, e eu tenho certeza que o mestre e os colegas vão entender e vão fazer o possível pra facilitar esse período (seria o certo a fazer), pois não queremos perder nenhum irmão e não podemos tomar partido de nenhum dentro do tatame.

O que eu quero dizer pra você que terminou um relacionamento dentro do tatame é que não desista da sua equipe porque a situação com a outra pessoa está ruim ou é muito difícil. Lembre que somos uma família e que as feridas vão curar, é só dar tempo ao tempo. Tenha paciência, tolere um pouco. Dentro disso também tente perdoar. Todos somos humanos e falhos, e o perdão é o maior remédio que existe pra alma.

Vamos treinar, pessoal. Deixar os problemas fora do tatame. É difícil, eu sei, mas vamos mirar e focar que dentro do tatame devemos pensar no jiu-jitsu. Dentro do tatame não tem pai, não tem mãe, não tem “peguete”, namorado ou namorada, ex, não tem nada disso. Dentro do tatame só tem irmãos! OSS!

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