Acidentes termorregulatórios nos treinos de Jiu-jitsu

Estamos na primavera, uma das nossas quatro estações em que a natureza expõe suas belezas nas árvores e flores. Musa inspiradora do poeta Pablo Neruda e do grande Baudelaire. Outra característica é o aumento da temperatura, e o nosso esporte utiliza uma armadura pesada de tecido trançado e grosso, que em algumas horas do dia parece que estamos treinando num caldeirão. No estado da Bahia, por exemplo, algumas cidades chegam a alcançar 30 graus às 16 horas da tarde e temperatura mínima de 20 graus.

É comum achar, em alguns treinos, atletas que acreditam na utilização deste fator natural como contribuinte no condicionamento físico, ou profissionais que buscam a adaptação de seus alunos submetendo-os a temperaturas altas no treino e sem hidratação. Veremos adiante que tais práticas colocam em risco a vida e a saúde do atleta.

Os acidentes termorregulatórios ocorrem quando o mecanismo de regulação do calor em nosso organismo é afetado pela temperatura ambiente, causando uma falha neste processo. O atleta pode apresentar fadiga extrema, transtornos mentais e redução no rendimento. Outros sintomas do estresse causado pelo calor em atletas são: câimbras, síncope (frequência cardíaca rápida e fraca), exaustão pela depletação de água (desidratação), exaustão pela depletação de sal e intermação (afecção causada por exposição excessiva ao calor).

TREINO INFANTIL

Se tratando de crianças necessita-se uma maior observação. As crianças possuem uma imaturidade nas glândulas sudoríparas, emitindo uma quantidade inferior de suor comparado aos adultos, por isso, apresentam uma vulnerabilidade à lesões térmicas quando expostas ao calor excessivo. Cabe então um rigoroso controle na hidratação e no monitoramento da temperatura do ambiente. Elas também apresentam diferenças no sistema circulatório que influenciam na resposta termolítica, como menor volume plasmático e débito cardíaco para a mesma carga trabalhada com um adulto. Sendo assim, um menor resfriamento do sangue no corpo, desviando para a pele o equilíbrio térmico.

MULHERES

As mulheres em seu período menstrual são acometidas pela retenção de líquido devido à alta produção de progesterona, com o intuito de poupar o corpo para as perdas de fluidos do processo. Somando a retenção com um quadro de uma possível desidratação decorrente da perda acentuada no processo de regulação térmica, podemos alertar para os riscos durante atividade em ambientes de calor excessivo. Os rins podem ser afetados num nível acima de 4% de desidratação e o fornecimento de fluidos sanguíneos causará uma variação na frequência cardíaca. Os produtos metabólicos necessários para um bom funcionamento dos músculos durante a atividade chegarão com mais dificuldade, ocorrendo a fadiga ou estresse, caibras, mal estar e cefaleia.

Todos estes quadros apresentados podem ser evitados se ocorrer uma devida hidratação e percepção da temperatura ambiente no local de treinamento (Dojo). Os indivíduos de tamanho corporal maior alcançam estes níveis muito facilmente, pois geram uma quantidade de calor maior.

Especialistas indicam que a reposição líquida tem que ser 150% maior que o volume excretado durante a atividade. A perda de 5% de peso corporal através da atividade, reduz em 30% o desempenho. O Colégio Americano de Medicina Esportiva solicita um consumo de 400 a 600 ml de líquidos duas ou três horas antes dos exercícios e claro, o consumo durante a atividade. É importante evitar cafeína e álcool, pois são substâncias diuréticas. Cabe salientar que as respostas adaptativas ao treinamento dependem de uma gama de aspectos a serem considerados.

Submeter o atleta a desidratação e altas temperaturas além de afetar no rendimento deste, pode trazer sérios problemas que não apresentam sintomas imediatos. Se o debate é que atividade física e esporte é saúde (e não é, saúde depende de um estado de bem estar físico, social e mental não só de um indivíduo, mas da comunidade), então, temos que buscar informações que complementem nossas atividades. A pesquisa científica esportiva já produziu muita coisa interessante. E, claro, nossa Bjj Girls Mag sempre busca orientar e trazer conteúdos que irão ajudar os praticantes da arte suave.

Oss!


Referências

  • GUERRA, Isabela. Importância Da Alimentação E Da Hidratação Do Atleta, R. Min. Educ. Fís., Viçosa, v. 12, n. 2, p. 159-173, 2004.
  • IDE, B. N. . Considerações sobre a redução da massa corporal antes das competições nas modalidades desportivas de luta.. Lecturas Educación Física y Deportes (Buenos Aires) , http//:www.efdeportes.com, v. 10, n.75, p. 1-1, 2004.
  • NIEHUES, H. ; REIS FILHO, A. D. ; LODI, D. . Importância da hidratação na melhora da performance de jogadores de futebol. Lecturas Educación Física y Deportes (Buenos Aires) , v. 152, p. 1-1, 2011.

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