A importância de estreitar os laços

A essência do nosso esporte é um dos fatores que fazem os iniciantes se apaixonarem pelo jiu-jitsu, o acolhimento e a sensação de estar em família é algo que encontramos dentro das equipes, as pessoas que veem o esporte, mas que não praticam às vezes não entendem como nós fazemos um esporte de tanto contato sem constrangimentos, sempre ouvimos queixas sobre o suor ou a invasão do espaço pessoal e isso é uma coisa que realmente não nos incomoda quando estamos confortáveis em nossa equipe.

Apesar desta proximidade ainda há uma barreira que existe entre nós, temos extrema dificuldade em nos socializarmos com pessoas de outras equipes, ficamos receosos ao visitar diferentes treinos, não sabemos o que fazer quando ficamos cara a cara com nossos oponentes minutos antes de uma luta no campeonato. São situações que estão fora da nossa zona de conforto, nós não sabemos o que esperar de alguém que treina em outro lugar, que vem de outra família com diferentes hábitos.

E é assim que surgem pequenas rivalidades, estas porém, devem existir apenas na hora da luta jamais fora, penso assim por acreditar que todos fazemos parte de uma imensa família e todos queremos que ela cresça mais e mais.

O número que mulheres que praticam jiu-jitsu é bem menor considerando o número de homens que praticam jiu-jitsu, sendo assim, para que tenhamos sempre um tatame cheio de mulheres precisamos criar hábitos diferentes em relação às mulheres que estão no esporte, precisamos nos conhecer melhor saber de onde viemos e porque estamos nos dedicando ao jiu-jitsu. E uma boa forma de fazer isso acontecer é organizar encontros nos finais de semana em que as praticantes, não importa de que equipe sejam, possam treinar umas com as outras, trocar conhecimento e dividir experiências, quebrando essa barreira que existe entre nós, temos todas tantas coisas em comum e é bom sejamos unidas e que nos respeitemos.

Em campeonatos, talvez não antes da luta por uma simples questão de foco, mas após a sua luta, converse um pouco com a sua adversária, provavelmente vocês ainda irão se enfrentar mais vezes e da próxima vez você se sentirá muito menos tensa antes da luta por conhecer quem irá enfrentar e saber que vocês duas se esforçaram muito para estar ali e ambas vão dar o seu melhor não importa qual seja o resultado final.

Assistindo a lutas em vários campeonatos importantes como o Mundial e o Pan Americano pude notar que as atletas faixa preta sempre se falam, parecem ter um relacionamento cordial e se respeitam muito, pode ser que elas não sejam amigas, mas existe ali uma relação de cumplicidade entre elas, talvez por saberem que são o espelho para todas as outras mulheres que vestem um kimono e que vendo este exemplo iremos segui-las, e assim quem sabe um dia sermos uma comunidade tão grande quanto a masculina dentro do tatame.

O que quero dizer com tudo isso é que no fundo somos todas muito parecidas, temos paixão pelo mesmo esporte e deveríamos ser mais unidas porque a união é a base do jiu-jitsu. Afinal, ninguém vai longe sozinho.

Agora queremos saber das suas experiências, quem tem amigas dentro de outras equipes e quando você vai competir qual é o clima dentro da área de aquecimento entre as mulheres? Conta aí!

Até a próxima.

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