Idade, graduação e peso relacionados às lesões mais comuns no jiu-jitsu

O BJJ é uma arte marcial fantástica! Nós que somos apaixonados pela arte suave sabemos o quanto é difícil ficar sem treinar por causa de lesões. Também sabemos que depois de uma certa idade, a qual arbitrariamente e subjetivamente vou dizer depois dos 30, parece ser ainda mais difícil a retomada do ritmo das atividades físicas. Pessoalmente, eu vivo sentindo “dores” por causa da arte suave. Constantemente reclamo de dor nas costas, nos ombros, cotovelos, pulsos, tornozelos e assim vai. Mas, assim como todas pessoas que amam o jiu-jitsu, eu não permito que estas “dorezinhas” me impeçam diariamente de acordar e ir para a academia treinar.

Um grupo de pesquisadores da Universidade de Wisconsin (Madison, Estados Unidos) publicou um artigo muito interessante sobre lesões no jiu-jitsu. O artigo é deste ano (2017) e, portanto, é o que se tem de mais atual na análise sobre lesões em praticantes de jiu-jitsu. Os pesquisadores avaliaram através de um questionário de 27 questões, 166 atletas de BJJ, das mais diferentes graduações (de branca a preta somente) e de todas as categorias de peso que se tem nas competições (seguindo as recomendações de peso da IBJJF) e de diferentes faixas etárias. Todos os dados apresentados nesta coluna foram extraídos do artigo citado. Atletas que se declararam competidores profissionais, amadores e não-competidores participaram da pesquisa e, desta forma, uma gama muito grande de variantes pode ser analisada pelos condutores do estudo.

Como esperado, a idade teve um peso nas causas das lesões. A maioria dos que responderam ao questionário tinha entre 18-29 anos seguido de pessoas entre 30-39 anos. As lesões mais comuns foram de mãos (pulsos) e dedos. Interessante foi o dado de que pessoas entre 40-49 anos apresentaram lesões no pescoço (nada de gravidade maior) e pessoas entre 50-59 anos apresentaram inúmeras lesões indo desde infecções de pele até lacerações.

De forma interessante, os participantes da pesquisa respondiam sobre lesões que foram diagnosticadas clinicamente (por um profissional da saúde habilitado para tal) e as lesões que foram autodiagnosticadas, ou seja, em que os próprios participantes diziam o que era a sua lesão e se automedicavam. Sobre isso, aliás, fica um alerta: o autodiagnóstico é muito perigoso e pode ter consequências graves para a saúde das pessoas. Para separar questões de autodiagnóstico leves de lesões mais preocupantes, o estudo considerou apenas lesões autodiagnosticadas que impediram a pessoa de treinar por pelo menos uma semana.

Entre as lesões diagnosticadas profissionalmente tivemos as ocorridas nos dedos e pulsos entre as mais usuais. Chama a atenção que  as infecções de pele tiveram um percentual considerável entre os problemas diagnosticados e que tiraram atletas dos treinos.Na verdade, como concluíram os autores do trabalho, infecções de pele foram a maior prevalência com a amostragem analisada. Aqui vemos mais um exemplo da importância de se usar rash guards nos treinos, pois ela permite evitar contatos de pele que facilitam transmissões de infecções. Ainda a respeito dos autodiagnósticos, temos também lesões de dedos e pulsos entre as mais comuns. Infecções de pele nem mesmo aparecem entre as listadas por atletas que fizeram o autodiagnóstico o que mostra a importância do exame feito por profissionais. Igualmente, vejo ser muito importante se falar que infecções de pele são em geral facilmente transmitidas e que a falta de diagnóstico profissional pode causar um “epidemia” dentro da academia do atleta que se autodiagnosticou. É curioso que nenhum atleta que se autodiagnosticou descobriu sobre sua infecção de pele.

A graduação também mostrou ser um diferencial na análise de lesões. Na faixa preta, temos comumente listado lesões de quadril e virilha. Na faixa marrom, temos lesões de joelho, mãos e dedos. A mesma coisa se observa para faixa roxa. Azul e branca apresentaram comumente lesões de mãos e pulsos. Esta avaliação das lesões por graduação é bastante interessante. Sabemos que nas faixas roxa e marrom há uma preocupação maior com leg locks (chaves de perna) uma vez que na roxa começamos a nos preocupar mais com a questão, pois na graduação seguinte (marrom) a aplicação da técnica já é permitida. Lesões nas mãos e dedos permeiam todas as faixas desde a branca até a marrom, mas na preta já não é tão comum.

Nas divisões de pesos, também vemos diferentes tipos de lesões associadas. No peso galo temos lesões de ombro, nos plumas mãos e dedos além de infecções de pele, nos penas mãos e dedos, nos leves há mais lesões de joelho, nos médios temos lesões de braços e cotovelos, meio-pesados há predominância de mãos e dedos, nos pesados há a prevalência de lesões de ombros, nos superpesados lesões de mãos e dedos e no pesadíssimo lesões no tronco. Uma vez que a pesquisa foi feita com apenas 166 atletas e todos norte-americanos, todos nós devemos ter cuidado na interpretação destes dados. Eu compito desde o leve até o meio pesado (mas comumente no médio), ou seja, provavelmente terei uma tendência a lesões em todo corpo.

E você?? Qual lesões já teve, tem tendência ou lhe assusta? Nos conte tudo e compartilhe com seus amigos e amigas este texto! Bons treinos! Boa recuperação às pessoas lesionadas! Oss!

 

 

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