Ser ou não ser semiprofissional, eis a questão

O crescimento do jiu-jitsu

O BJJ tem passado por um processo de evolução muito grande. Há alguns anos era um tanto desconhecido, hoje já se desenvolveu e está bem conhecido e conceituado. Existem grandes federações com torneios conhecidos no mundo inteiro, e há quem defenda e aposte que seremos o próximo esporte olímpico (o que eu não acredito que será muito bom, mas isso é assunto para outro dia).

Hoje o objetivo é falar das competições. Mais especificamente sobre as pessoas que praticam jiu-jitsu apenas como hobby e gostam de competir. A maioria dos praticantes de jiu-jitsu estão no grupo dos hobbystas, praticam pelo prazer de desenvolver a arte suave e não como trabalho, fonte de renda e profissionalmente, mas alguns são apaixonados pelas competições e aí que está a dificuldade.

As competições hoje

Hoje podemos dividir as competições em dois grandes grupos: as regionais (que são competições locais, organizadas por equipes ou federações estaduais e nacionais de menor alcance) e as de nível mundial (organizadas pelas maiores federações, no caso do Brasil a CBJJ e internacionalmente a IBFJJ, maior federação do nosso esporte hoje, e a UAEJJF, a federação dos Emirados Árabes, que organiza grandes campeonatos com polpudas premiações).

A cada ano são oferecidas premiações maiores nos campeonatos, além disso o prestígio de figurar entre o ranking dos melhores do mundo já é grande atrativo. Logo, temos visto um crescimento no número de campeonatos e de atletas de jiu-jitsu. Se pegarmos o calendário anual de competições, no Brasil, a cada mês tem um ou dois campeonatos de grande porte, e isso sem contar os campeonatos menores que acontecem regionalmente. Em algumas regiões é possível competir em todos os finais de semana, o ano todo!

O crescimento do jiu-jitsu tem levado muitos atletas a profissionalização, mesmo em faixas iniciais, e essa profissionalização acaba dificultando os atletas hobbystas de serem competitivos nesses campeonatos. Temos o lado positivo, a cada ano as lutas são melhores, mas também temos um lado negativo, pois muitos atletas desistem de competir pelo alto nível que é exigido.

O atleta semiprofissional: hobbysta competidor

Hoje um hobbysta tem seu emprego, trabalha duro durante o dia, e para se manter competitivo, em níveis nacionais, tem que se forçar a um ritmo de treino pesado, além de que uma preparação física é essencial, logo essa é uma rotina muito extenuante, com pouco tempo de descanso, que me leva a pensar na longevidade desses indivíduos no esporte.

A mensagem que eu quero deixar com esse texto é a seguinte: se você é hobbysta e ama competir, não desanime diante dos profissionais. Busque seu aprimoramento técnico, primeiramente, e mantenha-se preparado física e psicologicamente, o melhor possível, para as grandes competições. Eu tenho companheiros de treino que vão muito bem em competições nacionais e não vivem do jiu-jitsu.

Mas se você fica satisfeito em só ter aquela adrenalina de campeonato, nem precisar ser um campeonato muito expressivo, então foque nos regionais, sempre haverá ótimos atletas e você fará grandes lutas, mas independente de qual tipo de competidor você seja, pense no futuro.

Pense no seu futuro no esporte. Chegar na faixa preta, ganhar seus graus, ficar velhinho no tatame. Cuide do seu corpo, respeite seus limites. Descanse! Até os atletas profissionais tem pausas. E eu indico, fortemente, que você planeje seu calendário competitivo. Treine forte, mas com sabedoria, se preservar fisicamente é importante. Assim você terá o melhor do jiu-jitsu, por um longo período. Pensem nisso!

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