Quando o jiu-jitsu se torna uma “obrigação”

Como falei aqui algumas vezes, no ano passado sofri uma lesão no dedo que me deixou afastada por alguns meses. Voltando agora a treinar (tem pouco mais de um mês que voltei), como todo mundo que para por um tempo uma atividade e está voltando, encontrei algumas dificuldades.

Quando estamos treinando direto, sentimos falta da atividade no nosso dia a dia. Eu senti, mas tive que respeitar o meu corpo, afinal não conseguia nem fazer pegada. Ou seja, essa “falta” que eu sentia simplesmente passou. Eu cheguei num momento que me acomodei e passei a não sentir mais falta dos treinos de jiu-jitsu na minha rotina, por mais que gostasse da arte. Sumiu o gás, força e também a vontade de treinar.

Mas mesmo assim estou tentando me readaptar – hoje já treino pelo menos 4x semana, se possível faço 2 treinos por dia e tento dar o meu melhor, seja aprendendo as posições, nos rolas etc. Até aí tudo lindo, tudo ok.

Mas tinha uma coisa que continuava comigo ainda, desde antes da lesão. A “obrigação” de treinar. Na minha cabeça estava assim:

“Você é mais pesada, faixa azul, você tem que ter vantagem sobre fulano (a)”,
“Você treina há mais tempo que fulano, vai mesmo deixar ele passar sua guarda?”,
“Não vou tentar passar essa guarda porque vou me expor, melhor ficar aqui mesmo na minha guardinha, onde me sinto mais forte”.

Eu estava carregando um peso que não precisava. Depois do treino, meu mestre Caio Almeida disse uma coisa que eu achei incrível:

“Vocês estão carregando um peso desnecessário. Você não é obrigado a nada… solta o jogo, tira esse peso das suas costas. Se o menos graduado passar sua guarda, o que que tem? Se você for raspado por um mais leve, qual o problema? Pra quê todo esse ego? Não vai mudar em nada o mundo lá fora, você vai evoluir muito mais se treinar mais leve, movimentar, abrir o jogo… jiu-jitsu tem que ser divertido, tem que ser tranquilo.”

Desde que ele falou isso eu mudei minha forma de pensar. Passei a encarar o treino mais como um objetivo, e não como uma obrigação. “Meu objetivo agora é passar a guarda deste faixa azul, vou dar o meu melhor, mas não sou obrigada a passar”. Se passar, ótimo, mas se não, sem problema também. Pronto, cara. Ficou mais leve, mais tranquilo. Saiu o peso das costas… Se a gente colocar na cabeça que o treino pode ser levado mais como um objetivo a se alcançar e não como uma obrigação, acho que vai fluir bem mais. Vai tirar aquela pressão toda, aquela energia pesada. E vai ser bem melhor pra você, pro seu parceito de treino, pra todo mundo.

E você? Leva seu treino como objetivo ou como obrigação?

Bom fim de semana à todos 🙂

Osss

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