Competidores x não competidores: onde está a questão?

E lá pelas tantas o praticante de jiu-jitsu começa a conjecturar sobre a hora de entrar numa competição e só de mencionar isso o coração dispara, as pernas tremem, a respiração fica difícil e ele decide que adiar é preciso, competir não! Mesmo com toda a torcida dos companheiros de academia, o tal frio no estômago faz o corpo todo travar e muita gente desistir de tentar. É assim para quase tudo que é relacionado à primeira vez na vida, não seria diferente para as competições de jiu-jitsu.

Muitos de nós que treinamos jiu-jitsu já nos deparamos com aquele colega que amassa todo mundo na academia, é muito técnico, forte (levava a categoria, fácil!), mas nunca deu as caras numa competição. Por outro lado, tem aquele que às vezes nem é tão bom assim, mas que tem o tal “sangue no olho” e desde cedo está se testando pelos campeonatos afora e aparenta tão à vontade que parece que já nasceu numa área de competição.

E então você se pergunta: qual o fator que separa esses dois tipos de praticantes? As diferenças podem ser explicadas pelo modo como cada um lida com o medo, este acessório que vem no nosso kit de sobrevivência desde os primórdios da humanidade e serve para que tomemos consciência dos riscos de nos expormos a situações das quais podemos abstrair alguma experiência negativa ou arriscada. Ora, o fato é que temos medo de muitas coisas e isso é plenamente natural desde que não seja exagerado (fobia). O medo é um trabalho muito importante do subconsciente que tem por objetivo nos proteger, porém, não deve ser fator limitante para as nossas vontades.

Lógico, não cabem aqui os casos relacionados às limitações de saúde ou aqueles que realmente não têm o objetivo de serem competidores, pois estes têm todo o direito de treinar sem desejar competir e isso deve ser respeitado, sempre.

Não sendo você um caso de impedimento, vamos aos que não competem por outras questões. Atente para o texto:

“Tememos perder, falhar, nos machucar, mas em última análise todos os medos se resumem a um só: o medo que o ego tem da morte e da destruição.” (Eckhart Tolle, escritor e conferencista Alemão).

Trazendo para o meio competitivo, um atleta que opta por se testar em competições pode ter altas doses de autoconfiança e se espera que ele vá encarar as possíveis derrotas como um aprendizado que servirá de ponte para outras conquistas, afinal, aprende-se muito com os insucessos. Neste caso ele não está preocupado com as construções ideológicas que terceiros têm sobre ele, pois não está ali para ser aprovado, mas para se superar a cada dia.

Por outro lado, o atleta que não se submete às competições pode ter mil e uma desculpas para não entrar num confronto, entre eles a falta de confiança no seu processo de treinamento, a plena consciência de que os seus adversários são superiores, o fato de não estar bem física e tecnicamente, de não querer passar vergonha (ego), medo do que os outros vão pensar em caso de derrota (ego), traumas de experiências negativas passadas ou, estando bem em todos esses aspectos, o medo de não conseguir executar o seu “plano de voo” durante a luta por excesso de nervosismo.

Há ainda uma questão interessante que é a de que muitas pessoas não funcionam bem sob pressão e uma competição pode levar a um estado de estresse extremo que corrobora com o nervosismo e, consequentemente, aumenta grandemente a probabilidade de falha.

Então, o que fazer para superar esses obstáculos se você é do grupo que deseja muito entrar numa competição? Deixo aqui algumas dicas que podem ajudar:

Tenha certeza de que você realmente deseja competir, não vá por modismos ou influência dos outros. Faça por você, porque você quer, porque você decidiu;

– Assista aos campeonatos da sua cidade, todos os possíveis. Isso ajuda a entrar no clima das competições e a entender como tudo funciona;

– Leia sobre o tema. O jiu-jitsu tem muitas revistas e sites especializados que podem dar uma força com esclarecimentos e histórias de competidores que superaram adversidades e medos (e não são poucas);

Aprenda as regras. Nada pior do que um competidor que não sabe o que pode e o que não pode fazer durante a luta, porque há um abismo entre perder uma luta pela luta em si e perder por uma falta que está estampada na regra. Evite frustrações;

– Não caia de paraquedas nas competições. Treine e esteja preparado;

– Se perder, que seja com classe. Nada de ficar arrumando desculpas para as derrotas, nada de chorar, de se fazer de coitado, de odiar o adversário ou de culpar o mundo. Para quase tudo na vida é preciso aprender a levantar, analisar os erros e voltar mais forte;

– Comemore todas as vitórias da sua equipe, mesmo que nem sempre sejam as suas, e se for a sua, comemore mais ainda;

Entenda que ser competidor não é sinônimo de ser imbatível, prova disso é que muitos atletas de sucesso têm histórias de derrotas para contar, a diferença é que eles não desistiram. Faça o mesmo!

No mais, sejamos felizes com as nossas escolhas e entenda que treinar é preciso, competir é opção.

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