Fala, galera! Continuando nosso quadro #AtletaDaSemana, quem tá por aqui hoje é a Juliana Maira, faixa marrom da Alliance de São Paulo. Ano passado cobri alguns eventos e ela estava sempre lá dando a cara pra bater ainda de roxa, fazendo lutas duras e bem bonitas de se ver. Falei com ela sobre sua carreira no esporte, sua profissão, sua visão sobre o crescimento do jiu-jitsu feminino e muito mais. Bora lá?
Juliana começou a treinar por que, de alguma forma o Jiu-jitsu sempre lhe atraiu e lhe chamava mais atenção na academia onde seu irmão treinava karatê, mas segundo ela, lá só tinham meninos, ela era nova e de início seu pai não gostou da ideia ao ponto de não lhe deixar treinar.
Anos depois, no Ensino Médio, um amigo dela a convidou para um treino e lá sim já tinham meninas treinando, e seu pai acabou ficando sem argumentos para impedi-la de treinar.
Sobre as mudanças que o jiu-jitsu trouxe em sua vida, ela alega que já foi gordinha quando mais nova, então o fator físico sem dúvida sofreu influência do Jiu-Jitsu. “Mas acho que por ter começado ‘nova’ (com 16 anos) mesmo em uma fase de escolhas, minha vida é que foi se moldando dentro das possibilidades de eu nunca deixar de treinar. Hoje em dia além de atleta tudo o que faço é um pouco ligado a isso.”, completa.
Ela conta também que uma das maiores dificuldades que encontrou foi uma lesão no joelho que a deixou afastada por um ano. E ainda não descobriu nada pior do que ficar sem treinar.
Sobre treinar na Alliance, ela afirma que se apega nisso mais como motivação: “do tipo que veste a camisa e bate no peito sabe (risos) além do que é demais estar entre as lendas do jiu-jitsu e aquela galera tão boa da atualidade ali.” Juliana treina com ninguém menos que Andresa Corrêa e Renata Marinho.
Juliana conta também que gosta muito de distribuir armlocks, e realmente acredita neles.
Juliana tenta fazer o maior número de treinos de jiu-jitsu possíveis no meio dessa rotina com o trabalho, no mínimo um diariamente sem desculpas, e perto das competições conta com a compreensão de sua chefe que a libera durante a hora do almoço (pois acaba gastando 2h, por isso a compreensão).
Em relação à sua alimentação, Juliana contou que as pessoas de sua família sempre tiveram hábitos bem saudáveis, comendo muita fruta e legumes desde novas até hoje. Por sua tendência de estar ficando ‘gordinha’ ela parou de tomar refrigerante aos 10 anos, e segundo ela, foi sua melhor escolha para sua vida durante a infância. Sua irmã mais nova (ela tem duas – uma de 18 e outra de 21 anos) é estudante de Nutrição e já vem lhe dando uma força. “Quando fiquei parada perdi muita massa e a única vantagem foi que consegui me acertar na categoria sem dietas (risos) aproveito para comer bem, mas não me privo de uma pizza ou lanche.”
Sobre o aumento da mulherada treinando, ela acha que tanto as que iniciaram com o intuito real do esporte, seja por qualquer objetivo (perda de peso, defesa pessoal, competição) vão permanecer, as outras vão acabar ficando pelo caminho. Mas em modo geral, evolução do jiu-jitsu feminino a cada dia é realmente espantosa, e ela acredita que o trabalho que fazemos aqui contribui bastante: “O trabalho de vocês é fundamental, e me sinto muito feliz de poder estar vivendo isso.”
Confira os principais títulos dela de 2016:
- Campeã São Paulo Open CBJJ com kimono > ouro na categoria e prata no absoluto;
- Campeã com e sem kimono Grand Slam RJ;
- Campeã Sul americano CBJJ;
- 3º colocada Brasileiro sem Kimono CBJJ;
Sobre treinar jiu-jitsu e ser mulher, ela afirma que bate no peito com orgulho em dizer que treina e nada do que falem e pensam vai mudar seu foco. Diz também que sempre tem aquelas piadinhas bobas que a fazem rir – e pensa que se o cara que brinca com ela soubesse com o que está brincando, jamais brincaria.
Juliana conta também que de início não foi o esporte predileto para os seus pais, mas sua mãe é como um anjo para ela e é fisioterapeuta: “minha mãe sentia como se fosse nela cada lesão, mas nunca se opuseram: pelo contrário, com o tempo tornaram-se meus maiores fãs. Demorou, mas na faixa roxa eles chegaram até a me acompanhar em algumas competições.”
Para te inspirar:
“O segredo é treinar, na dúvida, treine. Acredito que nada é por acaso, é necessário ter atitude, fé e paciência, essa é quase minha filosofia de vida. o Jiu-jitsu é bem aquilo de ‘dias de lutas e dias de glórias’ com muito mais luta, pode acreditar, então você tem que aproveitar as lutas mesmo.”
Juliana tem 23 anos e trabalha como analista de produção na Wring e se vira nos 30 pra dar conta de tudo, trabalho, alimentação, treinos etc. Qual era mesmo a sua desculpa?
Bons treinos à todos. Oss