Sabemos que existe muito preconceito quando se fala sobre algumas doenças e a prática de esportes. E hoje traremos a desmistificação sobre pacientes que possuem diabetes e treinam jiu-jitsu. Nossa ideia aqui é desmistificar tais (pre)conceitos com base em duas entrevistas realizadas com quem pode nos trazer as melhores informações sobre o assunto. Entrevistamos um médico especialista e uma paciente praticante da arte.

Entrevista Dr. Tannure

Márcio Alves Tannure se formou na faculdade de Medicina no ano de 2004. Atualmente, é referência na medicina do esporte no Brasil, Membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia e Membro da Sociedade de Artroscopia e Traumatologia do Esporte. Responsável pela saúde do elenco do futebol profissional do Flamengo Consultor médico do UFC Ciência do esporte, saúde e bem-estar.

  1. Quais são os cuidados que se deve ter ao praticar jiu-jitsu?

Os mesmos cuidados que devemos ter com outros esportes, primeiro realizar uma avaliação medica pré-participação e avaliação física para detectar qualquer anormalidade e a capacidade física.

  1. Existe essa ideia de que quem tem diabetes não pode fazer o que deseja?

Isso é errado, na verdade todo exercício auxilia no controle da glicemia, pois promove a entrada de glicose dentro da célula, os diabéticos devem somente controlar para não ter uma hipoglicemia e ajustar o hipoglicemiante, se for o caso.

  1. Muitas pessoas com diabetes se tornaram atletas de ponta e construíram carreiras de sucesso no esporte. No jiu-jitsu é possível?

Claro, como falamos anteriormente um diabético tratado e controlado pode levar uma vida normal.

  1. Quais os benefícios da arte suave para quem tem esse tipo de doença?

Um dos principais benefícios é ajudar a controlar a glicemia

  1. Quais as recomendações necessárias para a prática segura do esporte em diabéticos?

Ter um aparelho para medir a glicose sanguínea no início e glicose se precisar, até ajustar tudo.

  1. É necessário visitar o médico antes de iniciar esse tipo de atividade?

Sim, é primordial.

  1. Qual recado do Dr Tannure para essas pessoas e ao Bjj Girls Mag?

Pratiquem exercícios, pois é o melhor remédio!

ENTREVISTA MAGALI

  • Quem é Magali?

Magali Andrade, 43 Anos, casada, diabetes DM1 há 20 anos. Segundo ela, sobre a doença: “Eu nunca apresentei sintomas dessa patologia, mas segundo minha média Dra. Márcia Pinhão, que já me trata há 20 anos, ele pode ter sido desencadeada por uma infecção urinária mal curada, que pode ter evoluído e atacado meu pâncreas, fazendo assim com que ele parasse de trabalhar.”

  • Como foi o diagnóstico do seu diabetes?
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Magali Andrade (Imagem: Arquivo Pessoal)

Me lembro que foi na Páscoa, meses antes comecei a ter os sintomas, muita fome, muita sede, emagreci 30kg. Meu cabelo caiu quase todo minha pele escamou, um sono estava incontrolável. No dia de Páscoa, os sintomas se agravaram meu pai e minha mãe me levaram para o hospital e a médica de plantão alegou que daquela noite eu não passaria, inconformados me levaram até o pronto-socorro da cidade no qual o aparelho de radiografia estava quebrado, a médica de plantão resolveu em encaminhar para o primeiro hospital e pedir que me examinassem novamente, e que tirassem uma radiografia pulmonar, pois estava com muita dispneia.

  • O diabetes lhe trouxe algum tipo de problema? Como é o seu tratamento?

Depois de bastante tempo com diabetes, veio alguns contratempos, por exemplo quase perdia a perna direita, quase perdi um pulmão devido ao mesmo problema. Quando sua glicose se mantém alta por muito tempo ela ocasiona vários problemas como infecções que aparecem em partes únicas em seu corpo, formando um abcesso e provocando erupções de infecção, gangrenando ou necrotizando a pele, fazendo com que tenhamos que eliminar a área afetada. Tenho uma cicatriz horrorosa na perna e outra nas costas. Mas a pior de todas foi exatamente na vista. Fiquei cega por exatos 5 meses me levando a operar a vista esquerda que funciona hoje com 90% da visão. Esse fator se chama hemorragia vítrea, são pequenos vasos sanguíneos que entram em erupção por trás do globo ocular, ocasionando cegueira parcial ou total. Meu tratamento eu acredito que dever ser como de todo diabético: se alimentar de forma correta seguindo as regras de seu nutricionista ou endocrinologista  atividades física e o não estresse (essa parte eu acho mais difícil). Tomo um tipo de metiforminea 3 vezes por dia e insulina 3 vezes ao dia.

  • O que foi o jiu-jitsu em sua vida?

O jiu-jitsu entrou na minha vida devido a insistência de meu professor de boxe e mestre Rael Vieira. Eu já faço boxe a 3 anos e resolvi  trocar de academia, devido a distância do meu trabalho, por isso conheci esse rapaz que dava aulas de boxe, mas o forte  dele sempre foi jiu-jitsu. Ele achou que eu levava jeito, participei de alguns treinos, vi um monte de vídeos e li algumas matérias sobre a disciplina, e o mais importante que se queimava muitas calorias. Exercícios de alto impacto são ótimos para queimar calorias, isso é fundamental para a vida de um diabético, e no jiu-jitsu aprendi muitas coisas, inclusive superação. E com o profissional certo, não tem como não ser ótimo. A glicose baixa muito com o jiu-jitsu, posso dizer que em torno de 75%.

  • Você participa de campeonatos? Caso positivo, como é isso pra você?

Estou há apenas 10 messes no jiu-jitsu, só vou a campeonatos torcer por meu mestre e amigos de tatame. Mas pretendo participar de campeonatos, meu Mestre Rael Vieira pretende me levar para eu participar.  Essa é minha vontade!

  • Quer deixar alguma mensagem inspiradora?

Minha mensagem não é nada demais, mas é naquela que me faz acordar todos os dias. Acordo com vontade de viver e nada nem uma doença me fará desistir de seguir em frente. “Diabetes é a mulher do diabo e eu tenho Deus no coração“.

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