O pânico da troca de faixa

Tá, o pânico existe, sim. Dá medo, dá complexo de inferioridade, dá vontade de sair correndo. Mas até que ponto isso deve nos atrapalhar na graduação?

É verdade que atrapalha. Muita gente nega a faixa, quer pular a etapa, quer segurar… Eu acho que o tempo mínimo de carência deve, sim, ser preservado. Cada faixa nos traz diferentes aprendizados. Não adianta ser adulto na vida, se sua cabeça não é adulta em determinada faixa e creio que seja por esse motivo que o tempo de graduação existe. Além disso, temos golpes específicos a partir de faixa marrom, por exemplo. Não deve ser por uma questão de consciência?

Sentir medo ao se graduar é normal, seja por um grau ou por uma mudança de cor na faixa. Mas se botar para baixo, não deve ser normal.

Devemos sempre ter em mente que ninguém recebe uma cruz maior do que se pode carregar. Quando peguei minha faixa azul, ouvi isso de um colega de treino, e ficou na minha mente para sempre. Claro, eu sempre quis chegar à faixa azul, então significa que estou andando pra frente, como deve ser. Mas eu tinha medo, porque achava que as pessoas passariam a vir para cima mais forte, que apanharia em campeonato…

E isso é verdade. Quanto mais colorida sua faixa, menos as pessoas pensam em aliviar. Em campeonato, a coisa começa a ficar mais séria. E, por outro lado, os menos graduados te vêem como inspiração e desafio. E sinceramente, eu amo ser a inspiração de alguém! Significa que estou fazendo algo muito positivo, mesmo que seja pouco. É o que me motiva.

Mudar de faixa não significa decair de técnica. A troca significa que você deve empenhar-se cada vez mais, para quando chegar “aos finalmente”, fazer jus àquilo e mostrar a que veio. Mudar de faixa significa mais responsabilidade. Significa treinos mais duros, significa técnicas mais apuradas… Mas não é um bicho de sete cabeças.

Não acho bacana pessoas que querem segurar ao máximo a graduação, seja por não se acharem capazes ou simplesmente por quererem ganhar todos os campeonatos possíveis. Hoje, como faixa azul, eu tenho um pânico sem fim de pegar a faixa roxa. E isso piora à medida que meus graus aumentam. Hoje olho para minha faixa com quatro risquinhos brancos e penso “não tem mais como voltar atrás”.

Mas quer saber? Eu não quero voltar atrás. Se eu acho que vou tomar sufoco em campeonato ou se acho que vou apanhar mais nos treinos, isso me motiva. Me motiva a treinar mais, a me dedicar mais a cada dia. Significa que eu estou a dois passos de uma faixa preta, e se não for agora, lá na frente pode ser tarde demais. E, embora dois passos pareçam fáceis, ele vem cheio de obstáculos pela frente, mas estou disposta a isso.

Pensem nisso: seu mestre é sempre o responsável por escolher quando se deve trocar de faixa, se ele observou uma melhora em você e acha que você está pronta, então você está pronta. Aliás, o certo mesmo não é a ansiedade para trocar de faixa, nem o medo de graduar. Tudo vem na hora certa, e você vai graduar na hora que tiver de acontecer. Não tenha medo!

E aliás, agradeça a percepção de seu mestre, mas agradeça a si mesmo: o mérito dele é te ensinar, seu mérito é evoluir.

 Bons treinos!

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