Na vida nossos logros e nosso valor as vezes são, erroneamente, medidos em papel: quanto dinheiro recebemos, quantos diplomas temos, quantas páginas do nosso passaporte tem carimbos, etc. Para a maioria das pessoas a diferença entre alguém que tem, por exemplo, estudos no exterior e alguém que apenas terminou a escola, é a oportunidade.
Oportunidade é definida como uma juntura favorável de circunstâncias. Quais são aquelas circunstâncias que fazem diferença no Jiu Jitsu?
Vamos falar primeiro sobre o dinheiro. Muitos relacionam o dinheiro com sucesso, felicidade, oportunidade e superioridade. Quem pode pagar uma mensalidade alta tem a possibilidade de treinar numa academia grande, com equipamentos modernos e sempre disponíveis, professores e instrutores top, parceiros campeões famosos, etc.
Porém, quem já treinou na Cicero Costha em São Paulo ou na GFTeam no Rio, sabe que lá fazem os melhores treinos também com campeões, ainda que seja num espaço menor ou menos “bonito”. Ainda mais, já ouvimos de pessoas que foram recusadas de fazer um treino nas academias bonitinhas, mas foram recebidos de braços abertos, e de graça, nas mais humildes. Qual é a oportunidade mesmo que perdemos por não ter dinheiro?
Agora vamos falar dos diplomas, não os nossos mas os de nossos instrutores. Na internet tem muito foro de pessoas perguntando se graduados, além das faixas pretas, devem e podem ou não dar aula, abrir equipes, e graduar aluno, e se quem iniciou o foro deveria ou não entrar numa equipe dirigida por graduado. Quem mora em cidades “Jiujiteiras” tem a oportunidade, com ou sem dinheiro, de não só receber aula de faixa preta, mas também de fazer aula com faixa preta (agora, se eles praticam ou lutam com graduado, é outra matéria).
Mas, o que acontece em cidades ou países onde o Jiu Jitsu é ainda muito novo? Aula é dada por faixas marrons, roxas e até azuis, claro, associadas a um faixa preta quem, sem estar ali, supervisa a equipe e o progresso tanto do instrutor quanto dos alunos, e realiza um ou dois seminários no ano na escola. Outros seminários são liderados também por graduados, e as competições acontecem com pouca frequência.
Você já está agradecendo pela oportunidade de poder treinar com um faixa preta? Sentindo pena por aqueles que não podem? Naqueles equipes onde o graduado começa ensinando cedo existe uma união incrível porque a equipe está crescendo junto o tempo tudo, está se esforçando por evoluir e melhorar para apresentar desafios para o instrutor para ele crescer e se-graduar, é uma relação de simbiose. Enquanto, o professor vai procurar sempre canais novos para passar seu conhecimento e dar mais oportunidades para sua equipe. Além disso, a cada vez que um faixa preta entrar na escola, eles vão reunir todos os recursos financeiros, físicos e mentais, para aproveitar essa experiência pouco frequente e absorver a maior quantidade de informação.
Muitas pessoas falam que tudo é questão de atitude, que qualquer um pode ser rico. Mas nem tudo mundo quer ser rico, assim como nem todo praticante quer ser campeão. E assim como nem tudo rico nasceu em mansão, nem todo campeão se formou em equipes de elite. A oportunidade mais grande que já recebemos foi a capacidade de decidir o que queremos e como aproveitamos as circunstâncias para atingir nossos objetivos. Não tem oportunidade pequena ou fraca.
Numa situação você é colocado na frente de muitas portas, que não são as mesmas portas de outras pessoas. Você não escolhe quais portas são colocadas ali. Porém, a decisão de abrir alguma delas é totalmente sua e depende de suas necessidades, seus objetivos e sua avaliação do risco que possui cada porta. Tenho vontade e capacidade suficiente para largar meu emprego e tornar-me um professor, mesmo recebendo salário inferior? Só você sabe. As oportunidades, as portas, estão ali. Nada depende delas. Descobrir o que há atrás delas, depende de você.
“Quem reclama de falta de oportunidade esquece que portas pequenas frequentemente abrem quartos grandes”
Rubin “Hurricane” Carter (No filme “The Hurricane”)
