Que a disputa ocorra só nas competições: pelas mulheres unidas no tatame

Uma cultura machista há muito nos ensinou algo que muitas de nós ainda reproduzimos: o da disputa e críticas das mulheres em relação às outras. A princípio, você pode se questionar e achar que não. Mas, ao olhar ao seu redor, no cotidiano, nota-se que isso ainda é muito forte, através das pequenas sutilezas: o julgamento pela roupa que uma mulher usa, as comparações, as críticas ao corpo, ao comportamento, ou ao posicionamento de uma mulher em relação às coisas. Em outras palavras, praticamos uma espécie de “machismo”.

Um machismo que nós reproduzimos e acabamos sendo vítimas do que reproduzimos. O grande problema disso é que ao olharmos para a outra parceira de treino com distanciamento, enfraquecemos juntas. O Jiu Jitsu, como todas nós sabemos, é um espaço extremamente masculino, o que muitas vezes dificulta para que outras meninas tenham coragem de dar o passo de praticar a arte suave, um receio e preconceito que a princípio é normal, principalmente por ser um esporte de contato e com uma maioria composta por homens.

Por isso, mais uma vez a importância de recebermos bem outras mulheres: o fortalecimento das mulheres dentro de um espaço demasiadamente masculino gera, por consequência, o fortalecimento das mulheres dentro do próprio esporte. Afinal, em competições, por exemplo, geralmente as premiações voltadas ao público feminino são menores. E isso muito se deve ao fato de sermos minoria no esporte e principalmente em competições. Mas lógico, esse é só um dos exemplos. A maior questão aqui é desconstruir aquilo que nos foi ensinado desde sempre: a competir umas com as outras em todos os parâmetros.

Quando construímos amizades com outras mulheres, principalmente no tatame, a sensação é única, é especial e também consiste num sentimento de se sentir mais confortável (quem possui amigas que também são parceiras de treino e que se tornaram muito especiais graças ao Jiu Jitsu, sabe o que estou falando). O apoio mútuo, o incentivo de umas com as outras, só nos faz crescer mais e mais, tanto num esporte que ainda carece de mulheres (apesar de crescer a cada dia esse número, felizmente), quanto na vida.

E é aquilo: o que aprendemos no tatame, devemos levar para o nosso cotidiano. Juntas somos mais fortes. Incentive a sua colega, torça por ela, conheça-a. Desconstrua os seus pré-julgamentos quando aparecer alguma mulher nova para treinar na sua academia. Ser receptiva e mostrar pra sua parceira de treino que ela é bem-vinda, faz muita diferença. Promova a sororidade: ao nos juntarmos, fortalecemos nosso papel não só dentro do tatame, mas dentro da sociedade também.

“Sororidade vem do latim Soror, sóror = irmãs e idad = relativa à qualidade. Se o pacto entre os homens é conhecido como fraternidade e reconhece parceiros e sujeitos políticos excluindo as mulheres, a sororidade é o pacto entre as mulheres que são reconhecidas irmãs, sendo uma dimensão ética, política e prática do feminismo contemporâneo.’ Reforçando que devemos nos apoiar, nos fortalecer e estabelecer críticas construtivas, abrindo sempre o diálogo de forma respeitosa.”

Bons treinos!

Oss

*Trecho de: “O que é feminismo” da Dra. Elida Aponte Sánchez, traduzido e adaptado pela página “O machismo nosso de cada dia”.

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