Da zona leste de SP para o mundo – conheça a história das atletas que mudaram de vida por conta do Jiu Jitsu

E ai pessoal, tudo bem? Bom, o tema de hoje é sobre duas atletas que tiveram suas vidas completamente mudadas por conta do esporte. Como sabemos, infelizmente, atletas de jiu jitsu não são devidamente reconhecidos aqui no Brasil – o que é realmente uma pena, pois boa parte dos campeões mundiais são feitos aqui. Hoje vou contar como o esporte proporcionou uma drástica mudança de vida na vida de Caroline Marcelino, faixa marrom da equipe Almeida JJ (Ryan Gracie), de Itaquera, e também na vida de Luciana Kusaka, recém chegada na faixa preta, atleta da Xtreme Gold Team (Macaco), do Tatuapé. Boa leitura 🙂

Caroline Marcelino

Caroline, aluna de Caio Almeida e Diogo Almeida, é também parceira de treino e amiga de Bianca Basílio. Carol, que sempre treinou muito e sempre esteve envolvida em campeonatos, no ano passado teve a oportunidade de ir para Abu Dhabi disputar o World Pro, e foi aí que conheceu o lugar e onde lhe foi dado a ideia de ser instrutora de jiu jitsu este ano. Carol voltou para o Brasil, mas já pensando em voltar para realizar este trabalho.

Recorreu então à Palm Sports e começou a ir atrás de todos os procedimentos – visto, documentação e tudo o mais. Carol sabia que sua vida mudaria quase que completamente, visto que os costumes locais são bem diferentes dos que temos aqui no Brasil. Hoje o que mais pesa para ela é a falta de sua família, mestres, parceiros de equipe, e principalmente o fato de estar sozinha em um local bem diferente de onde cresceu.

Vivendo em Abu Dhabi – vida e desafios

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Em Abu Dhabi a cultura é outra, as mulheres usam muito mais roupas, não é permitido falar alto em público, não é permitido comer em público, fazer demonstrações afetivas, entre outras limitações. Porém Carol terá seu trabalho devidamente reconhecido e remunerado – em Dubai defesa pessoal e jiu jitsu são matérias obrigatórias nas escolas, assim como português e matemática aqui no Brasil.

Isso sem contar a experiência e bagagem cultural que a moça vai trazer quando voltar – dois anos ou mais de experiência como instrutora de jiu jitsu no exterior é um baita currículo para qualquer atleta. Fora isso, terá a oportunidade de lutar os maiores campeonatos do mundo – Mundial IBJJF, World Pro Abu Dhabi, Europeu, Panamericano, entre outros.

Planos para o futuro

Carol tinha, a princípio, planos para ficar 4 anos, mas hoje vê que este prazo pode se estender. Quando voltar para o Brasil, pretende continuar seu trabalho como atleta e como coach, e diz que enquanto puder, vai viver do esporte, mas pretende investir também em outras áreas.

Por enquanto quer dar melhores condições à sua família, ter melhores condições de vida, afinal, em Abu Dhabi as oportunidades para quem é lutador de jiu jitsu são bem maiores do que para quem vive no Brasil. A atleta da Almeida JJ vai buscar absorver o máximo de conhecimento que puder, vai aprofundar seu inglês, treinar muito e inspirar muitas meninas e crianças a lutar também.

Luciana Kusaka

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Luciana Kusaka, 40 anos é um exemplo de força e determinação para muita gente. Presente na arte suave há 8 anos, recebeu há pouco tempo sua faixa preta das mãos de Fabiano Victorino, mais conhecido como Pedra, em sua equipe aqui no Brasil, Xtreme Gold Team. Quem olha para Luciana não imagina a idade que a atleta tem – e quando ela mostra sua identidade para comprovar, as pessoas ficam abismadas.

Mãe de uma filha de 16 anos que também pratica jiu jitsu, Luciana descobriu em um grupo de whatsapp das meninas Sinistras BJJ a oportunidade de viajar para o exterior e trabalhar como instrutora de Jiu Jitsu. Aqui no Brasil a moça trabalhava como assistente administrativo e treinava a noite – mas assim que soube que poderia ir para fora ministrar aulas do esporte, já começou a ir atrás dos procedimentos burocráticos para poder embarcar nesta viagem. Hoje o que mais pesa em sua estadia em Abu Dhabi é a falta de sua filha Mitie Kusaka, seus amigos de treino, família e toda a equipe.

Vivendo em Abu Dhabi

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Luciana e Carol já estão há duas semanas por lá e já sentiram o clima de como vai ser – lá a mulher é pouco valorizada e as leis são bem rígidas – nem o culto a outras religiões é permitido no país. Depois de alguns dias de treinamento, as moças já foram levadas nas escolas onde vão ministrar suas aulas, e uma das dificuldades que já se depararam é que é tudo muito longe – então terão de tirar carteira de habilitação internacional e comprar um carro assim que possível, pois o gasto com táxi de sua casa até o local de trabalho ficaria muito alto.

Fora isso, as atletas estão morando em bons locais, e vão receber uma remuneração bem acima da média paga para um instrutor aqui no Brasil, o que vai permitir que Luciana continue cuidando dos gastos e dos investimentos em sua filha Mitie, que mora agora com os avós.

Futuro

Luciana pretende ficar no máximo 3 anos em Abu Dhabi, pretende poupar dinheiro e assim que voltar quer fazer faculdade de Educação Física, para poder continuar trabalhando com o Jiu Jitsu aqui no Brasil. Pretende também trazer bastante conteúdo cultural e e muito aprendizado, para poder oferecer seus serviços aqui no Brasil, quando retornar.

Temos aqui exemplos vivos que o Jiu JItsu pode transformar vidas. São oportunidades que só quem luta com muita garra e determinação, dentro e fora dos tatames é capaz de conseguir. E você? O que mudou na sua vida depois do Jiu Jitsu?

No próximo post voltaremos com uma entrevista exclusiva com a sinistra Nika Schwinden, faixa roxa multi campeã da Checkmat. Vou ficando por aqui e até a próxima 😉

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